São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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Aliados pedem cargo para 'segurar' PPB

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), propôs ao presidente Fernando Henrique a criação do Ministério Extraordinário da Habitação e Saneamento para entregar ao PPB.
É mais uma tentativa do governo e aliados de comprometer o PPB com a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Os pepebistas reagem com desdém até agressivo.
"Para consolidar a base governista, é fundamental o engajamento total do PPB. O partido tem de participar do primeiro escalão do governo", disse Inocêncio.
Ele afirmou que os líderes do governo, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), e do PSDB, José Aníbal (SP), aprovam a idéia.
Curto prazo
O presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, também sugeriu a FHC a entrega imediata de um ministério ao PPB. "Tem de ser a curto prazo, antes que o partido não queira mais", disse.
Segundo o presidente do PFL, um partido com quase 100 deputados precisa ter representação no ministério. Ele disse esperar pela decisão de FHC nos próximos dias.
O assunto reeleição seria retomado em outubro, após as eleições municipais e após a conclusão da reforma da Previdência.
Inocêncio disse que o novo ministério seria atraente, porque a Caixa Econômica Federal dispõe de verba de R$ 1 bilhão para aplicar em habitação e saneamento.
Na prática, seria recriado o extinto Ministério do Bem-Estar Social. FHC extinguiu essa pasta sob o argumento de que eliminaria o clientelismo -o uso de recursos públicos para atender as bases eleitorais dos parlamentares.
Inocêncio reconhece que esse ministério seria atraente principalmente em ano eleitoral. Mas afirma: "Seria uma acomodação técnica-política. Seria compatibilizar a atuação política com as necessidades do país".
Espírito público
As áreas de habitação e saneamento seriam deslocadas do Ministério do Planejamento.
Inocêncio acha que o ministro José Serra (PSDB) aceitaria a mudança: "Como o Serra tem um grande espírito público e seria para o bem do país, ele não criaria dificuldades".
Lideranças do PPB não quiseram avaliar a proposta de Inocêncio. Disseram que não aceitam conversar com intermediários. Tratariam do assunto somente numa conversa pessoal com FHC.
Também afirmaram que estão saturados de discursos e promessas de ministérios.
Aceitam conversar sobre o assunto, mas também querem discutir questões em discussão no Congresso, como a reforma Administrativa.

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