São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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Problema é da produção local, diz instituto francês

Prefeituras e Fiocruz vão enviar material para análise hoje

LUIZ ANTÔNIO RIFF
DE PARIS

A responsável pelo departamento de imprensa do Instituto Merieux, em Lyon, Yasmine Haddad, disse que os efeitos colaterais provocados pela vacina contra meningite tipo C devem ter sido provocados por algum problema na fabricação no Brasil.
"Nunca tivemos problema com a nossa produção. Se houve algum, foi com a produção brasileira. Fizemos uma transferência de tecnologia há 20 anos para o Brasil. Quando transferimos uma tecnologia, temos certeza de que ela é segura", afirmou Yasmine Haddad.
Até ontem, oficialmente, a sede do Instituto Merieux não havia sido informada do problema nem recebido qualquer amostra da vacina para análise.
O instituto espera receber hoje, de sua filial no Brasil, mais informações sobre o caso e deve divulgar um comunicado oficial.
Análises
As prefeituras de Campinas e Hortolândia anunciaram que vão encaminhar hoje para análises no Mérieux 126 frascos da vacina usada na campanha.
A Fiocruz também vai enviar amostras do produto para análise na Food and Drug Administration (FDA), órgão oficial de controle de qualidade do governo americano.
Hoje à noite, mil doses do produto, distribuído em 20 frascos de 50 doses cada, serão encaminhadas para avaliação nos Estados Unidos.
Doze dos frascos foram recolhidos por técnicos da Fiocruz em Campinas, quatro são do mesmo lote enviado à cidade mas que estavam guardados na Fiocruz e outros quatro são do lote 002, fabricado antes do material que originou as reações.
Além da FDA, outros frascos serão encaminhados para análise no Instituto Merieux (França) e no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.
O INQS (Instituto de Controle de Qualidade em Saúde), ligado à Fiocruz, começou ontem a realizar uma bateria de testes para descobrir o que causou a reação nas pessoas vacinadas em Campinas.
Foram feitos testes pirogênicos -inoculação da vacina em cobaias para verificar a presença de endotoxinas, que podem causar febre. Os resultados destes testes deverão ser divulgados em 48 horas.
Também serão feitos testes para detectar a presença de fungos ou bactérias e para verificar se a vacina é tóxica. Os mesmos testes serão repetidos pelo FDA, pelo Merieux e Adolfo Lutz.

Colaborou a Sucursal do Rio e a Folha Sudeste

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