São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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Ministro manda fechar instituto em PE

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O ministro Adib Jatene (Saúde) determinou ontem a suspensão da hemodiálise no Inuc (Instituto de Nefrologia e Urologia de Caruaru), em Pernambuco.
Era o único hospital que fazia esse tipo de tratamento na cidade desde que o IDR (Instituto de Doenças Renais) foi fechado por causa da intoxicação que matou pelo menos 36 pacientes. Suspeita-se que a água utilizada estava contaminada.
Uma paciente que fazia hemodiálise no Inuc também morreu, de infecção generalizada.
Jatene telefonou ontem à tarde para o secretário Estadual da Saúde de Pernambuco, Jarbas Barbosa, e pediu que ele fechasse o serviço de hemodiálise. Os pacientes que fazem tratamento na cidade foram transferidos para Recife.
O fechamento do Inuc foi uma sugestão da Comissão de Seguridade Social e Família, que esteve em Caruaru. Osmânio Pereira (PSDB-RJ), vice-presidente da comissão, e mais sete deputados encontraram-se ontem com Jatene.
Eles disseram ter ouvido dos diretores do Inuc que a água do hospital também poderia estar contaminada. A água do instituto chega por encanamento. A do IDR vinha em carro-pipa.
A comissão achou melhor pedir o fechamento do serviço de hemodiálise, temendo que os diretores pudessem usar a água para justificar outros problemas que possam ocorrer.
Jatene discorda das críticas de que o Ministério da Saúde deveria ter tido interferência maior em Caruaru desde as primeiras mortes.
"As pessoas esquecem que vivemos em um sistema unificado de saúde. Disseram que eu deveria ter ido para confortar as vítimas. O dom Lucas (Moreira Neves, presidente da CNBB) é que tem que fazer isso", disse.
A CPI da Assembléia Legislativa de Pernambuco que investiga o caso constatou falhas dos governos estadual e federal, do IDR e da Prefeitura de Caruaru.
A comissão, de nove deputados estaduais, apurou que a clínica não fazia os exames obrigatórios da água usada no tratamento, que empregava mão-de-obra não-especializada e mantinha uma estrutura considerada inadequada.
O governo do Estado e a prefeitura, por sua vez, não inspecionavam o IDR, que funcionava havia dez anos na cidade.

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