São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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FMI insiste em ajuste fiscal brasileiro

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A reforma fiscal e o fortalecimento das contas públicas são passos "críticos" para "assegurar a continuação do sucesso" do Plano Real, diz o FMI (Fundo Monetário Internacional) em suas previsões para 1996.
O diretor de pesquisas do Fundo, Michel Mussa, disse em entrevista ontem que a situação fiscal no Brasil piorou "substancialmente" no ano passado e que isso acrescentou uma "carga" à política monetária.
Embora o FMI continue prevendo baixos índices de inflação para o país este ano, o organismo acredita que eles vão se dar à custa de um reduzido crescimento econômico, a não ser que o déficit público diminua.
Sem diminuir o déficit público, o governo não vai conseguir afrouxar a política monetária para acelerar o crescimento, disse Mussa.
Dificuldades políticas
Mussa afirmou que há "dificuldades políticas consideráveis" para se resolver a situação fiscal brasileira mas que essa tarefa é "essencial".
Ele também citou outros problemas imediatos na economia brasileira: os déficits públicos nos Estados e municípios e a instabilidade do sistema bancário, "que já exigiu e pode exigir novas intervenções do governo".
A reunião semestral do FMI começa depois de amanhã em Washington. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, representarão o Brasil.
Previsões
O relatório sobre a situação econômica mundial, divulgado ontem pelo FMI, prevê crescimento "relativamente sólido" para este ano e o próximo.
As causas para o crescimento mundial da economia são: controle generalizado da inflação, baixas taxas de juros de longo prazo, fortalecimento do dólar e aquecimento dos mercados de ações.
Para 1996, o FMI prevê crescimento da economia mundial de 3,8% e para 1997, de 4,1%. Em 1995, o índice foi de 3,5%.
Mas essas previsões são menos otimistas do que as feitas em setembro de 1995.
O motivo é o relativo mau desempenho da economia em alguns países da Europa Ocidental, sobretudo Alemanha e França.
O organismo recomenda redução das taxas de juros nesses países para um maior crescimento econômico.
Para os EUA, o FMI prevê contínuo crescimento do PIB: 1,8% em 1996 e 2,2% em 1997. Mas, diz que o quadro pode mudar, caso Congresso e Executivo não cheguem a um acordo sobre o Orçamento.
A previsão também é otimista para o Japão, depois de vários anos ruins: crescimento de 2,7% em 1996 e de 3,1% em 1997.

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