São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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Médico se defende no caso Pacaembu

Hospital não investiga erro

DA REPORTAGEM LOCAL

O Hospital das Clínicas não pretende investigar erro médico cometido ao tratar de Márcio Gasparim, morto após briga de torcedores no Pacaembu, em agosto.
O HC divulgou ontem nota solidarizando-se com Luiz Alcides Manreza, chefe do setor de neurologia de emergência do HC, acusado de ser responsável pelo erro.
Gasparim, golpeado por Adalberto dos Santos e por pelo menos mais um torcedor, não identificado, morreu após oito dias de internação no hospital. Adalberto está preso há quase oito meses.
Manreza se defendeu ontem da acusação de que foi aberto o lado errado do cérebro de Gasparim, agravando seu estado.
Ele reconheceu o erro, mas garantiu que foi descoberto antes da retirada de um pedaço do crânio, o que poderia ter sido fatal.
Segundo ele, um médico residente (estagiário) se enganou ao analisar uma tomografia, mas o erro foi percebido a tempo.
"Foi uma perda de 15 minutos em um processo cirúrgico de seis horas e meia. A evolução mostra que não houve dano."
O médico disse que não escondeu o fato da Justiça, embora não o tenha citado em seus depoimentos: "Apenas não fui perguntado. O prontuário descreve minuciosamente o erro". O HC não forneceu esse prontuário ontem, alegando que isso cabe à Justiça.
Manreza disse ser "impossível responder" que golpe matou Gasparim. "A segunda pancada (desferida por Adalberto) impressiona mais, porque (Márcio) não estava em movimento. Do ponto de vista mecânico, é mais grave. Mas não tenho elementos para afirmar qual das duas matou", afirmou.
O advogado de Adalberto dos Santos, Laertes Torrens, entra hoje com pedido de "habeas corpus", para que seu cliente responda em liberdade à acusação de homicídio doloso (intencional).
Torrens disse que recorrerá se o pedido não for aceito. O advogado da família de Gasparim, Ademar Gomes, disse não acreditar que Adalberto será libertado.

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