São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Dois times serão punidos pelo bom futebol...
MATINAS SUZUKI JR.
Corinthians e Palmeiras fizeram oito gols em jogos difíceis -mais gols até do que seria necessário para cumprir estritamente o objetivo de ambos. Sinal de que o futebol anda não só dando para o gasto, mas sobrando -nesta cidade de trânsito cada vez pior, difícil de se viver, mas também cada vez mais desafiadora. Começando pelo Corinthians, uma vez que o torneio pelo qual disputou o jogo, no Pacaembu, é mais importante. Já escrevi aqui que o Corinthians é o mais provinciano dos times grandes de São Paulo (e, até nesse aspecto, é profundamente paulistano, porque São Paulo é a mais provinciana -no bom e no mau sentido- das metrópoles). Mas, pelo menos no estádio do coração de seus torcedores (o Pacaembu é mais corintiano até do que a própria Fazendinha, o Parque São Jorge, sede do Corinthians), o alvinegro mostrou que está disposto, nesta Libertadores, a mudar o seu comportamento acanhado. O que se viu, já no primeiro tempo, foi um time altivo, determinado, com a mentalidade de time realmente grande. Ou seja, um esquadra que não teme o adversário, parte para agredi-lo, absoluta, sem medo da própria grandeza. Sem um certo complexo de inferioridade que marcava, psicologicamente, o time nas competições fora dos limites de São Paulo. Em terra estrangeira -que, na alma do corintiano, inclui também os outros Estados brasileiros- a camisa do Corinthians parecia que não se impunha aos adversários. Pois bem, mais importante do que a excelente vitória por 3 X 1, que praticamente assegura o primeiro lugar no seu grupo, é o espírito cosmopolita que começa a tomar conta da cabeça do time. Importante ainda, foi a jornada do Leonardo, um jogador habilidoso, mas um pouco leve para a posição, que vai ganhando personalidade para se firmar na linha de frente corintiana. Resta saber se o Corinthians levará, na bagagem, esta cidadania do mundo para os confrontos lá fora. * A imponência que o Corinthians começa a adquirir não falta ao Palmeiras -aliás, como diz o hino do clube. Tomar o primeiro gol do Palmeiras, hoje em dia, é fatal. Significa, inevitavelmente, que outros virão. Taffarel colaborou com o Rivaldo no primeiro gol. A partir daí, e ainda por cima com o Cafu em campo... * Insistindo na tese de que a camisa de um time vencedor pesa muito nos confrontos internacionais: praticando um futebol muito abaixo do que o exibido na temporada passada, o holandês Ajax, mesmo assim, disputará o bicampeonato na Copa dos Campeões da Europa. Pegou os gregos do Panathinaikos, na casa deles, precisando ganhar, e enfiou três. * Corinthians e Palmeiras serão punidos hoje pelos ótimos resultados que conseguiram na terça. Serão obrigados a jogar, hoje, outra vez. Texto Anterior: Corinthians poupa sete contra o XV Próximo Texto: Vai ou não vai? Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |