São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 1996
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'É questão de sobrevivência', diz sindicato

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro acordo que permite a abertura do comércio aos domingos e feriados foi assinado ontem, pelas concessionárias de veículos e o Sindicato dos Comerciários de São Paulo.
"Para nós é uma questão de sobrevivência", disse Octavio Leite Vallejo, presidente do Sincodiv (Sindicato das Concessionárias e Distribuidoras de Veículos do Estado de São Paulo).
Segundo ele, muitas concessionárias já vinham abrindo suas portas aos domingos, mesmo sem autorização do sindicato dos comerciários ou de lei municipal. "Se não fizermos isso, fechamos", afirmou ele.
Vallejo diz que as vendas no fim-de-semana nas concessionárias que já abrem aos domingos são maiores do que as realizadas durante os dias úteis.
"É uma questão de hábito. A compra do carro geralmente é uma atividade de toda a família."
Segundo Vallejo, se as revendas não abrirem aos domingos, há risco de demissão de cerca de 30% dos 15 mil funcionários empregados pelo setor em São Paulo.
Comissionados
O acordo abarca os departamento de vendas de veículos novos, usados e consórcios das concessionárias de São Paulo, nos quais trabalham 3.000 empregados que recebem um salário fixo de, no mínimo, R$ 125 mais comissões.
A administração, setores de vendas de autopeças e oficinas vão permanecer fechados. "Nesse caso, como os trabalhadores não são comissionados, seria necessário o pagamento de horas extras, o que tornaria o acordo desvantajoso."
Pelo acordo, os comissionados que trabalharem aos domingos terão direito a uma folga por semana, já prevista em lei, vale-refeição, vale-transporte, mais um acréscimo de 10% nos valores recebidos por conta do descanso semanal remunerado.
O vendedor deve cumprir uma jornada de no máximo seis horas de trabalho no domingo -o resto deverá ser pago como hora extra.
"Fizemos um acordo genérico. As concessionárias que quiserem trabalhar aos domingos legalmente terão de fechar um acordo individual com o sindicato dos comerciários", afirmou Ricardo Patah, vice-presidente da entidade.
Estabilidade
Segundo ele, nesses acordos por empresa, o sindicato vai tentar obter cláusulas de estabilidade no emprego, não-garantidas no acordo por setor. Para Patah, o acordo é um "multiplicador de trabalho".

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