São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 1996
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Prisão de 'Zezinho do Ouro' é decretada

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A 2ª Vara Criminal decretou ontem a prisão preventiva de dois delegados, seis policiais civis e do ex-informante policial José Gonzaga Moreira, o "Zezinho do Ouro". Eles são acusados de desviar uma carga roubada de cristais.
Os delegados Eduardo Antônio Gobbetti e Ailton Bicudo iriam ser levados para o Presídio Especial da Polícia Civil ontem à noite. A prisão dos acusados foi decidida em uma audiência do processo sobre o desvio da carga. Os delegados iriam sair escoltados do fórum.
Essa é a primeira vez que a Justiça também decreta a prisão do ex-informante policial. Zezinho do Ouro começou a fazer suas denúncias de corrupção policial em 1994. Ele é réu confesso dos crimes.
A Justiça decidiu não mandá-lo para uma cadeia comum, por achar que correria risco de vida se fosse para uma cela com outros presos. Zezinho do Ouro está detido no quartel do Regimento de Cavalaria 9 de Julho da PM.
Até ontem, a Corregedoria da Polícia Civil já havia apurado 67 denúncias de Zezinho -a maioria foi arquivada por falta de provas. Cerca de 30 policiais respondiam a processos por causa das acusações.
Depoimentos
O caso que resultou na decretação da prisão dos acusados aconteceu em 1994. Em seus depoimentos na Corregedoria da Polícia Civil, os policiais acusados negaram ter participado do desvio da carga.
Em sua denúncia, Zezinho do Ouro disse que levou os policiais a um depósito na zona leste de São Paulo. No local, foi encontrada uma carga de peças de cristais que teria sido roubada.
A carga teria sido apreendida e dividida entre os policiais. Os acusados trabalhavam, na época, no 9º DP, no Carandiru (zona norte). Eles teriam, segundo a denúncia, recebido dinheiro para soltar o dono do depósito.
Zezinho do Ouro fez essa acusação para o juiz-corregedor Maurício Porto Alves. Os policiais não teriam aberto inquérito após a apreensão da carga; só teriam feito isso após determinação do juiz.
Prisões
Segundo o delegado Roberto Maurício Genofre, 58, diretor da Corregedoria da Polícia Civil, também foram presos o investigador Gilberto Xavier de Brito e os agentes policiais Flávio de Oliveira Ferreira e José Tadeu Camolez.
Eles também foram à audiência e deveriam ser levados para o presídio da polícia. Três dos acusados faltaram à sessão e estavam foragidos até as 20h de ontem.
São eles: o investigador Arlindo Brunetti Junior, o escrivão Agnus Dei Sabino Leonardo e o agente policial Marco Antônio do Espírito Santo. "Eles devem se apresentar ou serem presos", disse o diretor da corregedoria. A defesa dos policiais deverá recorrer da decisão da 2ª Vara Criminal ao Tribunal de Justiça de São Paulo e ao Superior Tribunal de Justiça. Os acusados querem manter o direito de responder ao processo em liberdade por serem réus primários.

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