São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 1996
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Comerciário apóia loja aberta domingo

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Sindicato dos Comerciários de São Paulo mudou sua posição: vai permitir, aos setores interessados, a abertura do comércio aos domingos e feriados.
O primeiro acordo, com as concessionárias de veículos, já foi assinado. O vice-presidente do sindicato dos comerciários, Ricardo Patah, diz que há negociações também com supermercados, shopping centers e lojas de móveis.
O objetivo, segundo Patah, é garantir o emprego na categoria. "O desemprego é a preocupação central de todo sindicato hoje."
Menos emprego
Segundo Patah, antes do Plano Real, havia 350 mil comerciários em Cotia, São Paulo e Itapecirica da Serra, base da entidade.
Com o estímulo às vendas resultante da queda da inflação, o comércio fez contratações, e o total da categoria chegou a 430 mil.
Em março de 95, o governo tomou medidas de contenção ao consumo e restrição ao crédito. Iniciou-se então um processo de inadimplência no comércio e demissão, ainda não-concluído, que reduziu para 400 mil a categoria.
Os próprios comerciários, principalmente os comissionados, pediram para que a entidade reconsiderasse sua posição, disse Patah.
Supermercados
Os acordos serão feitos por setores e depois detalhados por empresa pois, segundo Patah, há casos nos quais a abertura do comércio aos domingos não traz vantagens nem ao trabalhador nem ao lojista.
A Associação Paulista de Supermercados (Apas), por exemplo, se coloca contra a idéia.
Para o presidente da Apas, Firmino Rodrigues Alves, "é engano pensar que a abertura aos domingos vá gerar emprego".
Segundo ele, as vendas dos supermercados aos domingos correspondem ao adiamento das compras que seriam feitas no sábado ou à antecipação das compras da segunda-feira.
Assim, segundo Alves, o faturamento não aumentará, os supermercados terão um custo adicional de 10% na folha e não vão contratar mais trabalhadores.
"O desgaste para o empregado será maior, pois ele ficará sem sua folga aos domingos."
Segundo a Folha apurou, no entanto, há supermercados que discordam da posição da Apas.
Além do acordo com o sindicato, a abertura do comércio aos domingos depende de lei municipal.

LEIA MAIS sobre a abertura do comércio aos domingos na pág. 2

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