São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 1996
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Livro da ex de Dinho é exercício de desvario

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Foram os dez reais mais funestos que já gastei. Me refiro ao dinheiro desembolsado na compra de "Pitchulinha, Minha Vida com Dinho - Até que os Mamonas nos Separem", de Mirella Zacanini, ex-namorada do líder dos Mamonas.
O livro nada mais é do que um patético desfile de bilhetinhos, fotos e cartas que os dois trocaram durante três anos e quatro meses de namoro. Tem como escopo escancarado provar que Dinho amou Mirella. Mas, de forma velada, serve também como ato de vingança. Feito sob medida para esfregar o relacionamento dos dois na cara de Valéria Zopello, última namorada do nosso querido Alecsander Alves.
É sabido que Dinho planejava casar logo e ter filhos com Valéria. Estava até procurando casa para comprar. Nos bilhetes à Mirella, no entanto, ele manifesta a mesma vontade: casar e ter filhos.
Imagino os fantasmas que passaram pela mente de Valéria ao ler o relato da ex, que, aliás nem sua rival era, como eu mesma pude atestar.
Em janeiro, nos poucos dias de convívio que tive com os Mamonas, constatei que Dinho e Valéria exibiam aquele inconfundível brilho nos olhos, exclusivo dos apaixonados. A imagem que guardo é totalmente oposta àquela que Mirella tenta vender no livro, de que ela e Dinho estavam só "dando um tempo".
Claro, Mirella deve ter passado um mau bocado quando Dinho, já com um pé na fama, a trocou por outra mais bonita, mais à altura de seu novo status social.
John Lennon e Nelson Piquet, para citar outros dois, também fizeram o mesmo com as respectivas, Cynthia e Clara. Mas nem por isso elas partiram para a retaliação pública.
Por mim, a fera ferida só publicou o livro porque Dinho está morto. Afinal, ela mesma diz que não dava o namoro por encerrado. Pois eu pergunto: quais seriam suas chances de reconciliação se o livro tivesse saído antes do acidente?
Veja a que ponto chega o desequilíbrio da moça: em um trecho, Mirella afirma guardar até hoje um chumaço de cabelo do amado. Em outro, descreve a dificuldade em convencer Dinho a mudar o estilo do Utopia para aquele dos Mamonas.
Bem, como dizem que não se deve contrariar, dou a mão à palmatória: Alô, Mirella! O Dinho sempre te amou e os Mamonas são mérito só teu!

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