São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BC empresta dinheiro e compra dólar

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem muitas oscilações durante o pregão, a Bolsa paulista fechou com baixa de 0,03%, enquanto a carioca caiu 0,14%.
O volume negociado foi medíocre em ambos os mercados: R$ 192,439 milhões, em São Paulo, e R$ 13,528 milhões, no Rio.
No over, o mesmo cenário de dinheiro escasso dos últimos dias. O BC (Banco Central) foi obrigado a emprestar recursos a 3,21%.
No câmbio, de novo, o BC foi obrigado a comprar dólares para impedir que a minibanda fosse "furada".
O comercial (exportações e importações) fechou sendo vendido a R$ 0,9890 (o "piso" da minibanda) e, até as 18h30, os computadores dos bancos registravam um ingresso líquido (entradas menos saídas) de US$ 98 milhões.
No mercado futuro, continua prevalecendo a aposta na queda das taxas de juros.
Uma razão é o próprio comportamento do câmbio. Apesar das medidas adotadas pelo BC, continua entrando dólar e as reservas continuam crescendo.
Outra é mesmo a inflação. O número da Fipe, que acabou sendo de 0,85%, já tinha sido absorvido no dia anterior. E, além disso, continua prevalecendo a idéia que, no ano, a inflação vai cair para a faixa de 13%.
Logo, o juro real (descontada a inflação) continua na casa dos 20% ao ano, o que é muito elevado.
Assim, está construído um cenário difícil para os operadores e o mercado está travando.
No curto prazo, o consenso é tão grande que não há o que fazer para ganhar dinheiro.
Todos os bancos apostam mais ou menos no mesmo ritmo de queda para os juros e de correção para o câmbio.
O problema é que as indefinições sobre as reformas acabam reduzindo o chamado longo prazo a até setembro -curiosamente o mês imediatamente anterior ao das eleições municipais.
E mesmo o governo, apesar dos apelos dos analistas e estudos encaminhados pelo mercado, não lança títulos prefixados de um ano ou cambiais de cinco anos.
Oscilação mesmo só sobrou no mercado futuro de C-Bond da BM&F. Tanto que, circula entre os analistas, os operadores individuais da BM&F migraram dos juros para os C-Bonds a procura de oportunidades de negócios.

Texto Anterior: Procon-SP quer controle
Próximo Texto: Credicard cede aos bancos e é dividida
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.