São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 1996
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Justiça 'repatria' o Novorizontino

MARCELO DAMATO

MARCELO DAMATO; RONALDO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL E

Juíza bloqueia mudança do clube de Novo Horizonte para Catanduva, feita pelo deputado Marco Abi Chedid

RONALDO GONÇALVES
Decisões da Justiça estadual obrigam a diretoria do Novorizontino a reinstalar a sede do clube em Novo Horizonte e a não negociar nenhum jogador.
As decisões foram proferidas pela juíza de direito de Novo Horizonte (425 km a noroeste de São Paulo), Regina Maria Correa Carmesini.
Elas são mais um capítulo no caos político em que virou o Novorizontino neste ano.
Em julho de 1994, depois de vencer o Paulista de Aspirantes, o clube foi arrendado pelo então presidente Jorge Ismael de Biasi ao deputado estadual Nabi Abi Chedid e seu filho, o deputado federal Marco Abi Chedid. O contrato vale até julho de 1998.
Desde o final do ano passado, porém, De Biasi reclama que os Chedid não pagaram parcelas previstas no contrato.
No início do ano, foram cortados os serviços de água, luz e telefone do estádio, por falta de pagamento.
Na abertura do Paulista-96, o Novorizontino decidiu então jogar em Mirassol, a cerca de 50 km dali.
"Eles só podem fazer até quatro jogos fora de sua cidade. Se não, o clube vai ser eliminado e rebaixado", disse na época o presidente da FPF, Eduardo José Farah.
Cumpridos os quatro jogos, o deputado Marco Abi Chedid transferiu a sede para Catanduva (385 km a noroeste de São Paulo) -para usar o estádio local- e pediu à Federação Paulista de Futebol que homologasse a mudança.
Farah acolheu o pedido e o submeteu à análise do Departamento Jurídico da entidade. O processo já dura há mais de um mês -com o campeonato em andamento.
Farah afirmou à Folha que no pedido não consta a ata de transferência de sede, mas que ele não seria rejeitado. "Eu já pedi a eles para mandarem", disse Farah.
O dirigente ressalvou, entretanto, que se o Novorizontino for obrigado a jogar em Novo Horizonte e não o fizer vai perder os pontos de todos os jogos daqui para a frente.
"O placar de todos eles será 3 a 0. Está no regulamento", afirmou.
As decisões proferidas pela juíza Carmesini atendem a ações movidas pelo novo Conselho Deliberativo do clube, presidido pelo comerciante Heitor Aurélio Ceneviva Júnior, 42.
O Conselho foi eleito há um mês, em assembléia extraordinária.
Mas, por enquanto, porém, a Justiça não tem como fazer cumprir sua decisão. Ela não consegue encontrar o presidente do clube, Flávio Brás, para comunicá-lo da sentença e obrigá-lo a cumpri-la.
Brás mora em São Paulo e é ligado à família Chedid.
Em Catanduva, na atual sede do Novorizontino, ninguém fala pelo clube. O gerente de futebol, Gercino Soares, disse desconhecer o assunto. "Sou empregado do time."
A assessoria da FPF diz que ainda não existe nada sobre mudança nos locais dos jogos, que devem continuar em Catanduva.
Marco Chedid foi procurado pela Folha por um mês, sem sucesso, e não respondeu aos recados.
Desde anteontem, a Folha telefonou 14 vezes para Nabi em seu gabinete na Assembléia Legislativa, mas não o encontrou. Deixou sempre recado, mas não teve resposta.

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