São Paulo, sábado, 20 de abril de 1996 |
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Invasões dos sem-terra dividem bispos JOSÉ ALBERTO BOMBIG JOSÉ ALBERTO BOMBIG; LUIS HENRIQUE AMARAL
LUIS HENRIQUE AMARAL As invasões de terras promovidas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) dividem os bispos ligados à CPT (Comissão Pastoral da Terra). Ontem, no terceiro dia da 34ª Assembléia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dois representantes da CPT escolhidos pelos bispos para falar à imprensa apresentaram posições diferentes sobre as invasões. Para o bispo d. José Elias Chaves, vice-presidente nacional da CPT, os trabalhadores sem terra devem fazer a reforma agrária "na marra", porque o governo atual não teria vontade política para fazer. Mais diplomático, o bispo de Picos (Piauí), d. Augusto Alves da Rocha, disse que não concorda com todos os métodos do MST: "A igreja compreende as invasões, mas não as incentiva". D. Augusto foi presidente da CPT entre 87 e 91. 'Luta silitária' Segundo o vice-presidente da CPT, "o governo não toma a iniciativa, e os trabalhadores estão tomando". D. José afirmou que, "se não há jeito da reforma sair na lei, eles estão querendo fazer na marra, e eu acho isso justo". Formado em teologia pelo Instituto Católico de Paris e bispo em Cametá (Pará), ele disse não incentivar todas as práticas do MST, mas que apóia as invasões. O bispo disse acreditar que o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso não fará a reforma agrária e que os sem-terra estão lutando "sozinhos". D. José afirmou viver em um "verdadeiro barril de pólvora" no Pará. Ele disse ter sido ameaçado de morte há cerca de três anos. "Foi um grileiro quem fez isso." Para d. Augusto, "é um equívoco dizer que a igreja incentivou uma ocupação. O que pode acontecer é um apoio posterior aos invasores". Segundo ele, as invasões têm o mérito de chamar a atenção da sociedade para a necessidade da reforma agrária. "Mas às vezes acontecem excessos, que não podem ser apoiados pela igreja", diz. Texto Anterior: Judiciário apóia sem-terra Próximo Texto: Pesquisa vai definir terras Índice |
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