São Paulo, sábado, 20 de abril de 1996 |
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Coimbra se queixa de falta de apoio do Itamaraty
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O presidente da Cacique, Sérgio Coimbra, explica que essa é uma tendência das populações acostumadas ao chá. Elas passam ao café pelo solúvel, já que o modo de preparo é o mesmo. Por isso, Coimbra está de olho no maior mercado do mundo, a China, com uma população superior a 1,2 bilhão, grande consumidora de chá. O empresário esteve com o presidente FHC em sua recente viagem à China. Comprovou, mais uma vez, que o mercado é promissor e que a marca Pelé é sucesso certo. "Piri" "Todo mundo conhece o Pelé, mesmo os mais jovens, e eles são fanáticos por futebol brasileiro", conta Coimbra. Em russo, pronuncia-se "Pelé" quase como em português. Em chinês, sai algo como "piri". Coimbra vai se associar com produtores locais para lançar seu solúvel, o que planeja para breve. O empresário exporta a maior parte de sua produção e frequentemente como produto acabado, com marca brasileira. É raro. A maior parte do suco de laranja consumido no mundo provém de laranjas brasileiras. Mas não há uma única marca brasileira de suco no mercado internacional. O suco brasileiro circula, no consumo, com marcas de multinacionais, que assim levam a maior parte do lucro. Sem apoio A venda final é a que traz mais valor agregado ao produtor e ao país. Por exemplo, a Cacique é a maior exportadora brasileira de folha de flandres, a folha de aço das embalagens de café. Além do mais, na venda final se ganha pelo prestígio da marca e do produto. O governo brasileiro tem procurado estimular o aparecimento de novas marcas internacionais. "Mas deveria dar mais apoio à marca já existente", queixa-se Coimbra. Ele reclama da atuação do Ministério das Relações Exteriores, que não consegue derrubar restrições ao solúvel nacional. Exemplo: na União Européia, o solúvel brasileiro será taxado com imposto de 10,1%, enquanto os produtos dos concorrentes Colômbia, Equador e América Central não pagam nada. Aqui no Mercosul, o solúvel brasileiro exportado para a Argentina é taxado em 24%. De lá para cá, o imposto é de 2%. Na Polônia, o solúvel brasileiro paga 25% de imposto. O colombiano, 17,5%. E a Polônia, lembra Coimbra, deve US$ 2 bilhões ao Brasil. O governo brasileiro renegociou essa dívida recentemente, "sem que o Itamaraty tivesse se lembrado de eliminar ou reduzir o ônus contra o solúvel", protesta Coimbra. (CAS) Texto Anterior: Empresa americana pirateia o Café Pelé Próximo Texto: México obtém 14º superávit consecutivo Índice |
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