São Paulo, sábado, 20 de abril de 1996
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O futuro

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Nos anos 70, por duas temporadas, o Japão abrigou a F-1. Em uma dessas corridas, os jornalistas se assustaram ao chegar à sala de imprensa.
Não havia máquina de telex, à época, equipamento obrigatório para se transmitir os textos às redações.
Tranquilos, os organizadores pediram calma e garantiram que os textos batucados nas máquinas de escrever seriam enviados a Tóquio, onde uma grande central de telex teria melhores condições de atender à demanda.
Tudo funcionou perfeitamente, mas ficou o mistério. Como a papelada chegou à capital japonesa tão rápido? Resposta: eles já contavam com o fax.
Esse descompasso entre o que é possível e o que pode ser adquirido em uma loja acontece, claro, por fatores econômicos.
Hoje em dia, porém, faz parte do marketing da indústria do computador promover o futuro de possibilidades -e alavancar o consumo no presente.
Com perplexidade parecida ao dos colegas que foram ao Japão nos 70, vi reportagem, nesta semana, sobre um game que não precisa de comandos, apenas da vontade do usuário.
O sujeito mete o dedo em um dispositivo e determina as ações na tela apenas pensando. Tudo graças ao tal dedal, que capta os impulsos cerebrais e os traduz para o computador.
Quem toca o projeto é uma produtora de cinema, que quer chegar ao ponto de permitir a toda uma platéia um 'você decide' instantâneo e ilimitado.
Isso alcançaria o esporte? O torcedor determinaria a escalação do Palmeiras? Ou, pior, a cartolagem fabricaria resultados para garantir a audiência?
A idéia esbarra na concepção do atleta que, como disse Navratilova, é um astro que não pode representar.
Mas não dá para duvidar que, um dia, bastará apertar um botão para colocar um Schumacher em uma Ferrari. Ou um Hill, em uma Williams.

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