São Paulo, sábado, 20 de abril de 1996 |
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Massacres; Poder econômico; Informações do sábado; Triste realidade Massacres "Massacrados os sem-terra daqui e os sem-terra do Líbano. Lá, a pretexto de continuar a paz, um governo afirma que precisa ganhar as eleições. Para ganhar as eleições precisa endurecer e massacrar inocentes sem-terra. Aqui, a pretexto de manter a ordem, um governo massacra desesperados sem-terra. Não há diferença entre os dois massacres. São unos, indivisíveis. Descendentes diretos de Treblinka e Buchenwald. Parece que a humanidade ainda não aprendeu." Neil Ferreira (São Paulo, SP) * "O massacre de Eldorado de Carajás era previsível e tem responsáveis: o governo federal e o governo do Estado do Pará. O primeiro porque não tem a vontade política, e consequentemente não age (faz apenas discursos), no sentido de enfrentar uma das estruturas agrárias mais desiguais da face da Terra. O segundo porque não controla a sua Polícia Militar que sempre atua com violência contra o povo e a favor dos poderosos. Uma das três reivindicações explícitas apresentadas ao presidente da República, em audiência após o massacre de Corumbiara, foi 'disciplinar o uso da força policial'. Até quando, meu Deus, até quando assistiremos impotentes episódios como esse?" Luís Carlos Guedes Pinto, presidente da Abra -Associação Brasileira de Reforma Agrária (Campinas, SP) * "Nunca pensei que choraria tão sentidamente ao ver uma charge do Angeli (19/4)." Gonçalina Barbosa dos Santos (Ribeirão Preto, SP) * "É um absurdo que o choque ocorrido entre policiais e os sem-terra no Pará seja classificado de massacre, acusando somente os policiais. A polícia fez única e exclusivamente o que poderia fazer, que foi se defender senão iriam ser degolados com as foices. A televisão nos mostrou também um rapaz sem-terra empunhando uma arma que, depois de dar um tiro, saiu e se escondeu. Se em vez de terem sido mortos os sem-terra tivessem sido mortos os policiais, e alguns foram, também seria massacre? Esses policiais são pessoas que trabalham, enquanto esse grupo sem-terra há meses não faz outra coisa a não ser rebelião, e ainda prometem vingança!" Ana Maria F. Barbosa (São Paulo, SP) * "Parabéns, FHC, pela sua política de enterramento dos sem-terra. Vá menos ao exterior, assente-se no país e tente resolver esses 'pequenos problemas' internos do nosso pobre Brasil." Paulo Nelson M. Araujo (Santos, SP) Poder econômico "Foi com profunda indignação que li em 18/4 o editorial 'Quem chora, mama'. Em vista disso, solicito o cancelamento imediato da minha assinatura deste jornal. Não será com o meu dinheiro que irei sustentar um jornal que se posiciona com um editorial desse quilate. Mentiroso, leviano, caluniador, injusto, causou-me, sobretudo, perplexidade tendo em vista que este jornal proclama em alto e bom som 'não ter o rabo preso com ninguém'. Parece que até isso também não é verdade. Ao cancelar a minha assinatura, instarei a todos que estiverem ao meu alcance a fazerem o mesmo. É preciso alguma resistência ao poder econômico deste país -que tanto o infelicita-, principalmente aos seus porta-vozes, como este infame jornal." Nylson Gomes da Silveira Filho, professor do Departamento de Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina (Universidade Federal de São Paulo) e membro do Conselho de Representantes da Associação de Docentes da Escola Paulista de Medicina (Jundiaí, SP) Informações do sábado "Há tempos que venho adiando a escrita desta carta na esperança de que aos domingos a Folha volte a ter o mesmo jornalismo completo de antigamente. Só que a cada domingo o problema se repete. Os fatos importantes que acontecem no sábado após o almoço não são relatados na edição de domingo. Para mim, o cúmulo aconteceu em 31/3. Na 25ª edição do GP Brasil de Fórmula 1, com um brasileiro largando na primeira fila, a cobertura do treino oficial na edição de domingo foi nula. Na Primeira Página lê-se recomendações para os leitores ligarem para um determinado número de telefone que esclareceria todo acontecido no dia anterior. Porém se o leitor assina um jornal ou mesmo vai até uma banca comprá-lo é porque ele deseja informações completas na própria edição. A Folha está esquecendo do seu não-antigo mote publicitário 'De rabo preso com o leitor', investindo na qualidade visual e esquecendo a rapidez e a qualidade de informação. Se isso continuar a se repetir, com certeza este jornal não perderá apenas este leitor." Milton Paes da Silva Junior (São Bernardo do Campo, SP) * "A marca histórica de 25 GPs de Fórmula 1 disputados no país -aliada à importância de uma prova dessa categoria- não foi suficiente para merecer da Folha a cobertura jornalística do único treino oficial, ocorrido no sábado. Essas desinformações, que venho observando há tempos, motivadas por razões políticas em alguns casos (como programas e obras da administração Paulo Maluf) e pura omissão em outros, depõem contra o jornal, justamente no momento em que esta Folha alardeia uma grande reformulação gráfica." Fernando de Sousa Gaspar (São Bernardo do Campo, SP) Nota da Redação - Por problemas industriais e de circulação, temporiamente o começo da rodagem da edição de domingo foi antecipado para o início da manhã de sábado. Triste realidade "Li atentamente a reportagem 'Sina de Pixote persegue menor de rua', do último domingo. Triste a realidade do país que assiste a seus menores perambulando pelas sarjetas, sem perspectivas para o futuro, envolvidos com a violência das ruas. Triste a realidade do país que assiste a seus menores crescendo na Febem, nas cadeias, nas penitenciárias, no abandono, na solidão, no mundo das drogas." André Benassi, prefeito de Jundiaí (Jundiaí, SP) Texto Anterior: Regeneração frustrada Índice |
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