São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996
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Governador nega intervenção 'branca'

Gabriel diz que problemas são do governo federal

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador do Pará, Almir Gabriel (PSDB), negou ontem, durante entrevista coletiva em Belém (PA), que tenha havido uma "intervenção branca" com tropas do Exército no Estado, como noticiou a Folha no último domingo.
"Não tem fundamento a notícia da Folha. Foi o Estado que pediu o auxílio do Exército apenas para dar mais tranquilidade na região do conflito", disse o governador.
A chamada intervenção "branca" existe na prática.
Para assegurar a independência nos laudos das necropsias, por exemplo, o Ministério da Justiça indicou um perito para atuar com os outros cinco que trabalhavam em Marabá.
Além disso, na sexta-feira passada, o Exército deu ordens para que a PM de Marabá e de Parauapebas não deixasse o quartel -o que, de fato, ocorreu.
Ontem, o procurador-geral do Pará, Pedro Bentes, disse que os PMs trabalharam normalmente e que a ordem de aquartelamento seria "inconstitucional".
Na avaliação do governo federal, a PM do Pará está praticamente fora do controle.
Além disso, o Exército não apenas auxilia na busca de eventuais corpos escondidos na mata como também faz uma investigação paralela do massacre.
Críticas
Durante a entrevista de ontem à tarde, Gabriel criticou a atuação do governo federal nas questões de terra no Estado.
"Eu quero deixar claro que o governo estadual está resolvendo questões 'no' Pará e não questões 'do' Pará", disse Gabriel.
"O problema da reforma agrária é do governo federal. O problema dos índios é do governo federal e o problema dos garimpeiros é do governo federal", completou o governador.
"Nós temos clareza que, constitucionalmente, essa é uma atribuição básica do governo federal, mas nem por isso o Pará vai deixar de participar das soluções."
Na próxima quinta-feira o tucano Gabriel vai a Brasília discutir os problemas com o presidente da República, o também tucano Fernando Henrique Cardoso.
A assessoria do governador informou que ele solicitou a audiência com FHC para pedir, sobretudo, uma maior agilidade nos processos de reforma agrária e assentamento das famílias sem-terra no Estado.

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