São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996
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"Aurélio" quer ser moderno

MARILENE FELINTO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A próxima edição do "Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa", a terceira, prevista para ser lançada em 1997, começa a ser entregue agora à editora Nova Fronteira, segundo informou à Folha a professora Marina Baird Ferreira, 74, coordenadora do projeto de revisão e preparação do dicionário.
A nova edição será entre 25% e 30% maior do que a atual no total de entradas e acepções. A edição atual tem 130 mil verbetes.
Simultaneamente à 3ª edição em papel, será lançada uma versão para computador compatível com o programa Windows 95, que vai substituir o atual "Aurélio Eletrônico", em versão 3.11. Em junho deste ano, a editora lança uma "Gramática Eletrônica", que inclui um corretor ortográfico.
A nova edição do dicionário sairá com atraso de cerca de três anos. Anunciado para 1994, atrasou devido à morte do dicionarista Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, em 1989, segundo sua viúva Marina Baird Ferreira: "Os principais motivos do atraso foram a morte de Aurélio e de seu secretário e nosso auxiliar, Giovani Mafra e Silva, em 1995, que conhecia toda a sistemática do trabalho".
Para o editor Carlos Augusto Lacerda, da Nova Fronteira, atrasos são normais em projetos de atualização de um dicionário, "longo trabalho de coleta, testagem e seleção de palavras". No caso do "Aurélio", Lacerda aponta também "a preocupação de não descaracterizar o trabalho do dicionarista Aurélio", que tinha cuidado especial com as abonações literárias.
Quanto à reforma ortográfica, ou unificação ortográfica, que deveria ter entrado em vigor em 1994, a professora Ferreira disse que a ortografia "só será mudada quando a reforma já estiver aprovada em todos os setores competentes."
No que se refere à dicionarização de neologismos, como os advindos de áreas específicas como a informática, por exemplo, Lacerda acha que é preciso ter cuidado.
Ele é da opinião de que se deve preservar a língua e discorda do uso de termos como "printar" (para "imprimir") ou "faxiar" (para "transmitir fax"), acessíveis e corriqueiros, segundo ele, para jornalistas e técnicos, mas não para a população em geral.

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