São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996
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'Casablanca' é perfeito

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

"Casablanca" (TNT, 22h15) traz uma das misturas de elementos mais perfeitas de toda a história do cinema.
Primeiro, existe a Segunda Guerra Mundial em pleno andamento. Estamos em Casablanca, domínio da França ocupada. Mas ali é o norte da África, território razoavelmente livre.
É um lugar onde podem se encontrar alemães, norte-americanos, franceses colaboracionistas, resistentes. Com isso, o filme promove uma espécie de síntese dos envolvidos no conflito, naquele instante.
Mais, Casablanca é o cenário de corrupção, tráfico de influência, mercado negro, lugar dotado, portanto, de um meio criminal que articula o conjunto à vertente do filme de gângster.
Existe ainda o romantismo, o amor passional entre Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, o amor patriótico -por assim dizer- entre Bergman e Paul Henreid (importante resistente).
"Casablanca" é, por fim, mas não por último, um filme de propaganda, engajado, feito num momento em que os rumos da história ainda não eram claros. Toma posição contra nazistas e contra a França de Vichy. E faz de Bogart/Rick expressão da atitude norte-americana.
Como os EUA, Rick é o individualista que só quer saber de seus negócios, mas acaba tendo de tomar posição. Era a dúvida que assolava a América naquele instante: manter-se fora do conflito ou entrar de cabeça.
"Casablanca" é um filme sobre a história. Mas é também um filme engajado e, nesse sentido, disposto a fazer história.
(IA)

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