São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996 |
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Mostra une papas de Bacon e Velázquez
TÂNIA MARQUES
O pintor britânico dedicou-se à série de figuras papais baseadas na obra do pintor sevilhano do século 17 entre as décadas de 40 e 60. Os retratos de papas, todos eles potentados solitários e frágeis, transformaram-se em uma verdadeira obsessão de Bacon e têm lugar de destaque em sua obra. Fazendo questão de manter distância da obra dos velhos mestres, Bacon afirmava nunca ter visto o original de Velázquez e dizia ter-se utilizado de reproduções desde o início. Ele explicava sua fascinação pelo óleo de Velázquez valendo-se de um lugar-comum: dizia que se trata de um dos mais importantes retratos de toda a história da arte. O "Papa 1º" ocupará a parede exatamente oposta à que se encontra o "Retrato do Papa Inocêncio 10" na exposição "Obras-primas da Galeria Dória Pamphilj, Roma", que teve início no final de fevereiro e durará até 19 de maio. Mais três papas baconianos serão expostos. O óleo de Velázquez, que nunca havia saído da Itália e consiste na maior atração da exposição, é um exemplo marcante do trabalho do artista sob luz forte e de sua impressionante capacidade de revelar a personalidade do retratado de uma perspectiva naturalista. Figura angustiada O "Papa 1º", de Bacon, é uma figura angustiada presa em uma gaiola. O trabalho de Velázquez, seguindo a tradição na retratação de papas, ocupa 75% do espaço, à esquerda. O de Bacon concentra-se à direita. "Obras-primas da Galeria Dória Pamphilj, Roma" mostra também a "Fuga para o Egito", o mais poético entre os primeiros trabalhos de Caravaggio, "Navagero e Beazzano", um dos poucos retratos informais de Rafael, e o celerado "Salomé com a Cabeça de São João Baptista", de Ticiano. Acervo intacto Há ainda trabalhos de Lorenzo Lotto, Guercino, Carlo Saraceni e a "Fuga para o Egito" de Annibale Carraci, um dos trabalhos a exercer maior influência no desenvolvimento da paisagem clássica. Com um acervo montado ao longo de três séculos, que surpreendentemente se manteve intacto, a Galeria Dória-Pamphilj detém uma das melhores coleções particulares na Europa, hoje sob proteção do governo italiano. A galeria foi fundada pelo papa Inocêncio 10, um Pamphilj, e uma série de casamentos dinásticos enriqueceu sua coleção. Texto Anterior: Gina Lollobrigida processa brasileiro Próximo Texto: Obra ensina como entender a arte Índice |
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