São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

General paraguaio desafia presidente

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O general Lino César Oviedo, comandante do Exército do Paraguai, abriu uma crise no Paraguai ao ser destituído do cargo. Ele passou o dia refugiado em um quartel e disse que não obedeceria mais ao presidente Juan Carlos Wasmosy -o que pode significar a iminência de um golpe de Estado no país.
Oviedo participou do golpe que derrubou Alfredo Stroessner (1989) e garantiu, em 1993, a candidatura de Wasmosy ao governo. Integrante do Partido Colorado, como Wasmosy, é pré-candidato à Presidência e uma das figuras públicas mais controvertidas do país.
Segundo as rádios paraguaias, ele teria dado prazo até a noite para que Wasmosy voltasse atrás.
Os embaixadores de Brasil, Argentina e Estados Unidos foram à sede da Cavalaria, onde Oviedo está abrigado, no início da noite, e aparentemente não foram recebidos. Os três países agiram como mediadores da crise durante todo o dia, dando total apoio a Wasmosy.
O ex-presidente Andrés Rodríguez também foi ao quartel. Rodríguez também liderou o golpe contra Stroessner.
A imprensa paraguaia dizia na noite de ontem que Oviedo desistira da sublevação e negociaria uma forma de deixar o cargo sem abdicar de suas ambições políticas.
Autoridades do governo, porém, disseram à agência "France Presse" que era "iminente" o avanço de tropas leais a Oviedo sobre a residência de Wasmosy e que o general já estaria formando gabinete.
Em pronunciamento na TV, o presidente confirmou a existência do levante. "Meu governo não tolerará nenhuma fissura nem debilitação do processo de normalização institucional e democratização do país", disse Wasmosy.
Reações
Logo após Oviedo declarar-se rebelde, a Embaixada dos EUA no Paraguai emitiu uma nota manifestando preocupação pela situação e qualificando os incidentes de "ameaça à democracia".
O comunicado da embaixada diz que o país se propõe a "revisar uma gama completa de ações necessárias". "Seguiremos consultando os nossos amigos da Organização dos Estados Americanos."
Minutos depois, o presidente da Argentina, Carlos Menem, anunciou que telefonou a Wasmosy para prestar solidariedade.
Brasil
O presidente Fernando Henrique Cardoso conversou por telefone com Wasmosy pelo menos duas vezes. FHC e os presidentes da Argentina, do Uruguai e dos Estados Unidos acertavam ontem à noite uma espécie de conferência telefônica para tratar do problema no Paraguai e dar apoio a Wasmosy.
Em nota que estava sendo preparada, o governo brasileiro comunicaria às Nações Unidas e à OEA que não aceita qualquer mudança da ordem jurídica instituída e iria adotar as medidas necessárias, no âmbito do Mercosul, contra o golpe -posição reiterada pela embaixada argentina em Assunção.

Texto Anterior: Conheça as razões da crise política no país
Próximo Texto: Estudantes fazem manifestações
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.