São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996 |
 |
|
Próximo Texto |
Índice
EQUIPE DIVIDIDA Aumentam os indícios de que existem discordâncias entre os integrantes da equipe econômica. Sabia-se, desde que José Serra foi indicado ministro do Planejamento (Pedro Malan já estava confirmado para a Fazenda), que os dois mantêm importantes divergências conceituais. Divergências ainda mais sérias separam Serra e a equipe do Banco Central, na sensível área cambial. Em tese, discordâncias entre membros de uma mesma equipe não são um pecado mortal. Podem até fecundar o debate, pela apresentação de pontos de vista diferentes. Ocorre, porém, que o tom das divergências parece estar aumentando e, pior, se generalizando. O governo Fernando Henrique Cardoso passa a crescente sensação de que cada um de seus integrantes cuida apenas de sua própria área sem participar de uma visão de conjunto. O caso da saúde talvez seja o mais eloquente: o ministro Adib Jatene dedica seu tempo à defesa de uma contribuição nova para financiar a saúde, sem, aparentemente, preocupar-se com o impacto que ela poderia ter no panorama global da carga fiscal. Seus companheiros de ministério apóiam ou criticam a iniciativa de Jatene sem se preocupar em avaliar se os novos recursos são necessários ou se haveria outros caminhos. O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, é cada vez menos cauteloso nas críticas à política de juros praticada por seus próprios companheiros de administração. Tudo somado tem-se um cenário de desarticulação que só pode transmitir insegurança, para dizer o mínimo, aos agentes econômicos e sociais. Os ingentes desafios à frente do governo brasileiro já seriam difíceis de enfrentar por uma equipe bastante unida e coesa. Dividida, podem tornar-se insuperáveis. Próximo Texto: SITUAÇÃO EXPLOSIVA Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |