São Paulo, terça-feira, 23 de abril de 1996
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SITUAÇÃO EXPLOSIVA

Barril de pólvora. Essa é sem sombra de dúvida a melhor definição para a situação no campo após o massacre dos sem-terra em Eldorado de Carajás (PA). O momento fica ainda mais delicado diante da vacância do titular do Ministério da Agricultura, ao qual, pelo menos em tese, a reforma agrária está subordinada.
Na área política, o governo tenta conquistar um apoio mais substancial do PPB, de Paulo Maluf, e, especula-se, a legenda poderia ser agraciada com um ministério. Como a única pasta vaga no momento é a da Agricultura, há quem suponha que FHC a entregaria a esse partido.
Se essa situação de fato se concretizar e o indicado pelo partido vier a ser um político que não tenha sólidos conhecimentos sobre a questão fundiária no Brasil nem uma grande capacidade de negociação junto ao Movimento dos Sem Terra, a já potencialmente perigosa questão dos sem-terra poderia agravar-se ainda mais.
Diante da gravidade do momento, o presidente tem de dar sinais claros e inequívocos de que vai cumprir suas promessas de campanha de dar prioridade à área social. No caso específico dos conflitos no campo, é imperioso que FHC ponha no comando da reforma agrária um técnico que esteja politicamente habilitado a conduzir difíceis e tensas negociações.
Isso não significa, é claro, que o presidente tenha necessariamente de abrir mão de uma indicação política para a Agricultura, como, de resto, é normal numa democracia. Ele tem várias outras opções, como dar estatuto de ministro ao presidente do Incra ou mesmo criar um Ministério Extraordinário da Reforma Agrária.
Depois do ato brutal e sob todas as circunstâncias injustificável perpetrado pelo poder público do Estado do Pará, não se podem poupar esforços para pacificar o campo. A vida humana é preciosa demais para ser sacrificada de forma tão brutal.

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