São Paulo, quarta-feira, 24 de abril de 1996 |
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Juiz de Fora mandou espiões a Joinville PAULO PEIXOTO PAULO PEIXOTO; FÁBIO ZANINI
A Prefeitura de Juiz de Fora (250 km de Belo Horizonte) enviou a Joinville (SC), em setembro de 95, três assessores diretos do prefeito Custódio Mattos (PSDB) para espionar as ofertas da cidade catarinense para ter a Mercedes-Benz. A informação consta de um jornal editado pela própria prefeitura, intitulado "Edição histórica sobre a chegada da Mercedes-Benz em Juiz de Fora", que foi distribuído no último sábado, na cidade. Em formato tablóide e com oito páginas, o jornal relata "os bastidores da conquista". A questão da espionagem foi levantada pelo secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Ricardo Tomasco, por meio do memorando 048/95, de 17 de setembro. O secretário defendia a necessidade de conhecer as propostas de Joinville. "Se esta era uma guerra, era preciso conhecer melhor o inimigo. E, como em toda guerra que se preza, lá se foi a 'missão secreta' de Juiz de Fora a Joinville, em tarefa de reconhecimento", diz o jornal. A publicação cita os "espiões": Ricardo Tomasco, a diretora do Departamento de Turismo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Maria Luiza Barbosa, e o assessor especial de comunicação social, Rodrigo Barbosa. Maria Luiza Barbosa disse ontem que não considera o caso como espionagem. Segundo ela, os três foram até Joinville para conhecer a cidade de "maneira genérica". O assessor Rodrigo Barbosa disse que foi uma "missão informal". Modelos A prefeitura contratou também, em duas ocasiões, modelos para transitarem pelo calçadão da rua Halfeld, um ponto tradicional do centro de Juiz de Fora. Os modelos, homens e mulheres, foram figurantes em um vídeo sobre a cidade que foi apresentado à equipe da Mercedes. Os modelos foram contratados novamente durante a visita dos executivos da montadora à cidade. Prefeito A Agência Folha tentou falar ontem com o prefeito Custódio Mattos sobre a espionagem. A assessoria de imprensa da prefeitura informou que o prefeito não estava, mas que ele retornaria a ligação. Até as 17h não houve contato. Joinville O secretário de Assuntos Políticos de Joinville, Edgar Meister, encara o episódio "com naturalidade". "Vivemos num mundo muito competitivo, em que atitudes como essa são cada vez mais normais. Não cabe a mim fazer qualquer juízo de valor", afirmou. Para ele, a suposta espionagem pode não ter sido decisiva para a ida da Mercedes para Juiz de Fora. Colaborou Fábio Zanini, da Agência Folha Texto Anterior: Indústria argentina tem queda de 8,5%; Pan Am abre vagas e atrai multidão nos EUA; Lucro da Volks cresce 793% no 1º trimestre; México terá megafusão em telecomunicações; YPF descobre reserva de gás na Argentina Próximo Texto: Nestlé inicia produção de suco de laranja Índice |
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