São Paulo, quarta-feira, 24 de abril de 1996 |
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Para políticos, ataque une país
IGOR GIELOW
A avaliação, feita à Folha por líderes dos principais grupos políticos que até 1992 se enfrentavam em armas, pode ser constatada nas escolas e abrigos que refugiam as quase 300 mil pessoas que fugiram dos ataques contra o sul do país. Na escola próxima à rue Banque Centrale, junto ao centro da capital libanesa, duas crianças muçulmanas xiitas recebem diariamente a visita de enfermeiras sunitas. Em Sin el Fin, zona oeste cristã da cidade, um ginásio do time de basquete local abriga quase 200 desabrigados muçulmanos. O diretor do clube, Patrice Zanou, cristão maronita, diz: "O problema é Israel, que ocupa nossa terra. Não queremos mais briga com os islâmicos". O ataque que matou 101 refugiados em Qana, no sul, é o maior emblema da unidade. Anteontem, mesquitas e igrejas cristãs se uniram em vigília pelos mortos. As brigas que mergulharam o Líbano na guerra civil em 1975 não foram entre as 17 denominações religiosas do país, e sim entre quase uma dezena de grupos políticos. "A grande vantagem, se é que podemos chamar assim, que os ataques israelenses trouxeram foi unidade. Hoje o libanês começa a ter uma noção de cidadania acima dos grupos, partidos e religiões", disse Nassib Lahoud. Ele é um dos líderes maronitas, grupo que reúne primariamente 30 entre 128 deputados, e era líder nas pesquisas presidenciais para a eleição do ano passado -que acabou adiada por três anos. Concordam com Lahoud o ministro sunita -e de nacionalidade brasileira- Abdo Mourabe (Formação Profissional) e Nauaf Massaui, um dos líderes do conselho político do Hizbollah. Para o ministro da Reforma Administrativa, que lidera a minoria muçulmana drusa com Walig Joumblatt, a guerra civil acabou e não tem chances de voltar. "Temos que nos concentrar na saída de Israel de nossa terra. Temos, pela primeira vez, uma união nacional para sustentar um desenvolvimento democrático no país", afirmou Annuar el Khalil. Os drusos são um pequeno mas influente grupo político no Parlamento. Têm sete deputados, mas o grupo controlado por Joumblatt chega a 20 parlamentares. (IG) Texto Anterior: Israel bombardeia 2 represas libanesas Próximo Texto: Hizbollah quer abalar Peres, diz embaixador Índice |
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