São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Troncoso Peres perde seu "último" júri

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Waldir Troncoso Peres, um dos mais renomados criminalistas do país, havia anunciado na semana passada que ontem atuaria pela última vez num tribunal do júri. A derrota de seu cliente, condenado no início da noite por tentativa de homicídio, levou o advogado a rever sua decisão ontem mesmo.
"Não se pode prometer nada neste país. Esse júri pode ser anulado e eu terei que voltar aqui com meu cliente. Não se pode abandonar um cliente na beira da estrada", disse Troncoso após o anúncio do veredicto, antecipando que pedirá a anulação do julgamento.
Aos 72 anos (50 de carreira), Troncoso calcula ter enfrentado mais de mil júris e defendido pelo menos 100 homens e 30 mulheres acusados de crimes passionais.
Antes de começar o julgamento de ontem -mais um caso de crime passional-, o advogado dizia que havia decidido nunca mais enfrentar um júri por cansaço. "O júri é muito opressor. O trabalho é de improviso, você não sabe o que o promotor vai dizer e um erro qualquer pode ser fatal."
Parece até que Troncoso havia previsto o que iria acontecer. O caso era dado pelos especialistas como fácil para o advogado, mas o cliente de Troncoso, o engenheiro Ricardo Waquil, acabou condenado a 2 anos e 2 meses de prisão.
Waquil, então com 29 anos, era acusado de tentar matar a ex-namorada, a também engenheira Flávia Haddad, que tinha 22, na piscina do clube Monte Líbano, no dia 27 de novembro de 1989.
A primeira surpresa de Troncoso foi ver que a promotoria levou uma maquete do clube, para facilitar a visualização do crime pelos jurados. O advogado afirma que tal procedimento foi irregular.
Também surpreendeu Troncoso o depoimento de Flávia Haddad. Chorando muito, ela encerrou a sua participação no julgamento relatando que havia decidido romper seu namoro com Waquil após flagrá-lo fumando maconha.
A informação, que não havia aparecido em momento algum do longo processo (seis anos), deixou o defensor sem reação e não foi contestado no julgamento.

Texto Anterior: Emenda dá mais recursos a 1º grau
Próximo Texto: 'Despedida' de 86 é lembrada
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.