São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996
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'Despedida' de 86 é lembrada

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

A sala do 5º Tribunal do Júri, em Pinheiros, ficou lotada para assistir a "despedida" de Troncoso Peres. Além das cem cadeiras, pelo menos 30 pessoas assistiram o julgamento, das 10h às 20h, em pé.
Ao iniciar sua fala, o assistente da acusação, Carlos Edson Martins, provocou gargalhadas no plenário ao dizer que estava muito orgulhoso de participar do último julgamento de Troncoso Peres.
"Lembro-me que mais uma vez participo do seu último júri. Porque já havia participado do seu último, em 1986, em Itanhaém", disse Martins, insinuando que Troncoso teria anunciado sua despedida várias vezes. O advogado classificou a insinuação como uma "zombaria" improcedente.
A platéia, formada por estudantes de direito e advogados, estava lá para assistir Troncoso. Às 16h20, ele iniciou a apresentação da tese da defesa. Os pedidos de silêncio ecoaram pela sala. Um sino tocou. Até um policial militar que vigiava o réu se manifestou, desligando um até então útil ventilador ao seu lado para conseguir ouvir melhor.
Teatral como sempre, agitando os braços, alternando o tom da voz do grave ao suave, olhando alternadamente para o banco de jurados, para a platéia e para o réu, Troncoso divertiu com citações e frases de efeito. Exemplos:
"Afirma-se com frequência -e sou obrigado a ouvir essa redondilha- que o réu é rico porque sou o advogado. A única coisa que une este descendente de espanhóis a essa família de árabes é que somos corintianos. Como o pai do réu, sou conselheiro do Corinthians e aceitei o caso como amigo."
Outra: "Não existe um homem que não tenha um momento de irreflexão. A vida é assim mesmo."
Ao tentar caracterizar a agressão do réu como lesão corporal e não como tentativa de homicídio, disse: "É deplorável que Flávia tenha apanhado, como é deplorável que um dia tenhamos batido em nossos filhos". Não convenceu os jurados em seu "último" júri.
(MSy)

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