São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OLP renuncia à destruição de Israel

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Diálogo será retomado

A OLP (Organização para a Libertação da Palestina) retirou ontem de seu estatuto os artigos que pregavam a destruição do Estado de Israel.
A decisão foi tomada em votação do Conselho Nacional Palestino, reunido em Gaza, por 504 votos a favor, 54 contra e 14 abstenções.
Os artigos retirados da carta de princípios da OLP contradiziam o acordo de reconhecimento mútuo travado com Israel em 1993.
O primeiro-ministro de Israel, Shimon Peres, havia condicionado a continuação das negociações de paz à modificação do estatuto da OLP até 7 de maio.
Por causa das cláusulas que caíram ontem, Peres, que enfrenta eleições em 29 de maio, vinha sendo acusado pela oposição de direita de negociar com terroristas.
Entre os pontos pendentes estão a retirada das tropas israelenses de Hebron, que deveria ter ocorrido no mês passado, e o status definitivo de outras áreas da Cisjordânia, particularmente de Jerusalém.
Também serão discutidos o destino de refugiados palestinos e a situação dos colonos israelenses que vivem hoje em áreas que passaram para administração palestina.
A retomada das negociações com Israel deve ocorrer a partir de 4 de maio. O processo foi interrompido por atentados do Hamas (Movimento de Resistência Islâmico), em fevereiro e março.
Arafat
A votação de ontem também abre caminho para o reconhecimento por Israel de um Estado palestino. A importância histórica foi lembrada pouco antes da votação pelo líder palestino Iasser Arafat em um discurso emocionado.
"Decidam-se. Vamos realizar ou não o sonho palestino? Vamos ou não ter um Estado?"
A resolução aprovada ontem não especifica exatamente quais cláusulas do estatuto da OLP foram anuladas. O documento, aprovado em 1968, pedia "a luta armada para a libertação de toda a Palestina" e "a eliminação do sionismo da Palestina".
O Conselho Nacional Palestino nomeou uma comissão jurídica para elaborar o projeto do novo estatuto.
O novo documento deve ser submetido à direção da OLP dentro de seis meses.
"Temos um acordo e cumprimos nossa parte", disse Maruane Kanafani, porta-voz de Arafat.
Boicote
A sessão de ontem foi boicotada pelos representantes da FPLP (Frente Popular de Libertação da Palestina) e pela FDLP (Frente Democrática de Libertação da Palestina). Os dois grupos se opõem ao processo de paz com Israel.
A ex-guerrilheira Leila Khaled, da FPLP, acusou Arafat de ter obrigado os membros do Conselho Nacional Palestino a renunciar a luta armada para agradar Peres.
Reação
Um porta-voz do governo israelense disse que a decisão tomada ontem é uma mostra de que "os palestinos querem seguir adiante pelo caminho da paz" e que cumprem os compromissos assumidos em 1993 nos acordos de Oslo.
O secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, também elogiou a decisão.

Texto Anterior: Diamante dado a Jacqueline é vendido por US$ 2,6 mi
Próximo Texto: Aviões israelenses bombardeiam comboio da ONU
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.