São Paulo, sexta-feira, 26 de abril de 1996
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Seleção olímpica é o vestibular do futebol

CARLOS ALBERTO SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A seleção olímpica serve como uma espécie de vestibular para os jogadores que pretendem chegar à seleção principal. Os jogadores que se destacarem vão ser a base da equipe que vai à Copa de 1998.
Não vejo nenhuma seleção melhor que a do Brasil. Na minha opinião, Portugal e Espanha são os maiores adversários na Olimpíada.
A Espanha é a seleção mais forte em termos olímpicos da Europa.
O grupo de jogadores do Brasil é muito bom. A preparação da equipe também está boa.
Tivemos a oportunidade de jogar contra alguns adversários que poderemos cruzar em Atlanta.
Os jogadores com menos de 23 anos têm nível para jogar na seleção principal. O Sávio está em ótima fase e o Amaral é um ótimo marcador.
Os três jogadores com mais de 23 anos que podem ser convocados vão dar um equilíbrio maior ao time.
O Rivaldo, o Aldair e o Bebeto foram os que melhor se apresentaram até agora, dos jogadores acima de 23 anos.
Com tantas opções, um jogador do nível do Giovanni, do Santos, deve ficar de fora da competição.
O Brasil está com uma safra de jogadores melhor que a de 1970, que conquistou a Copa do Mundo. O número de valores é extraordinário.
O jogo contra a África do Sul foi uma lição importante para o grupo.
Na Olimpíada vai ser matar ou morrer. Dificilmente uma equipe vai virar um partida que estiver perdendo por 2 a 0.
Foi um aviso para nossos jogadores. A África está evoluindo muito no futebol e parecia que eles não estavam atentos a isso.
Na Olimpíada acontecem muitas surpresas. Os favoritos, como o Brasil, vão enfrentar dificuldades em todos os jogos.
Hoje, a seleção olímpica é tratada de forma diferente do que era no meu tempo. Em 1988, havia uma briga interna muito grande na CBF.
O atual presidente da CBF dá apoio total à seleção. Eles contam com a mesma estrutura que a equipe principal teve para ir à Copa dos Estados Unidos, em 1994.
Na preparação para a Olimpíada de Seul, fomos jogar um torneio em Los Angeles para levantar dinheiro para as despesas na Coréia do Sul.
Mas o dinheiro não veio para nós e tivemos que pedir emprestado.
Outro problema aconteceu na liberação de dois jogadores. A CBF não conseguiu a liberação do Valdo e o Ricardo Gomes, que jogavam no Benfica. Como eles já estavam inscritos, disputamos os jogos com dois jogadores a menos no grupo.
A Olimpíada é uma das coisas mais emocionantes do mundo. Nunca tinha visto nada como ela na minha carreira. Na Vila Olímpica você cruza com grandes atletas todo o tempo. É fascinante.
Mesmo assim, senti muito pelos jogadores que estiveram em Seul. Nós merecíamos ter ganhado a medalha de ouro. O grupo era ótimo tecnicamente e muito unido.
A arbitragem nos prejudicou muito na final. Mas isso não tira o mérito da então União Soviética, que ganhou o ouro.
Eles tiveram mais estrutura que nós. Se hospedaram fora da Vila Olímpica e faziam treinos secretos.

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