São Paulo, sexta-feira, 26 de abril de 1996 |
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Disco mostra talento musical do ator
MARISA ADÁN GIL
Na primeira audição, o ouvinte é convidado a dançar, brincar de roda, cantar, bater palmas, chorar. É impossível não rodopiar com "Vinde, Vinde, Moços e Velhos" ou pular em ritmo de frevo com "Truléu, léu, léu, léu, léu". Em "Marcha da Folia", é Carnaval de novo. Na valsa "A Vida do Marinheiro", um bandolim chora no mar. O cantor e ator Antonio Nóbrega embarca em cada canção como se fosse a última. Por trás disso, porém, está o talento do compositor, do violonista clássico, do arranjador. Tonheta não precisa de arroubos virtuosísticos para mostrar que nunca deixou de ser músico. Aqui, ele realiza plenamente aquele que era o objetivo do Quinteto Armorial, formado nos anos 70: reunir o talento de instrumentistas eruditos às tradições populares do Nordeste. Cocos, toadas, modinhas, serenatas e choros de domínio público (são sete no disco) ganham sofisticação pelo toque sutil de Nobrega. Ele usa sua rabeca em pequenos solos -em faixas como "Serenata Suburbana" e "Mexe Com Tudo"-, ou como mais um elemento rítmico ("Truléu..."). Em duas ocasiões, flerta com a música clássica. Bach vira choro no "1º Movimento do Concerto de Bach em Ré Menor Para Rebeca e Flauta"; um solo com vocação erudita abre "Boi Castanho". A única faixa do CD que sente falta de um palco é "O Romance de Clara Menina com D. Carlos de Alencar". A voz do ator não é suficiente para segurar a longa história e a troca de personagens. A recompensa vem no final, com a faixa-título, misto de declaração de intenções e celebração dos ritmos da música brasileira. Disco: "Na Pancada do Ganzá" Lançamento: Brincante Quanto: R$ 20,00 Texto Anterior: Nóbrega volta duas vezes ao passado Próximo Texto: Titãs apostam em músicas novas e efeitos de iluminação Índice |
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