São Paulo, sexta-feira, 26 de abril de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Nóbrega volta duas vezes ao passado
ELVIS CESAR BONASSA
Nos anos 70, Nóbrega foi membro do Quinteto Armorial. Com formação clássica em violino, ele se interessou por música popular, depois por dança e desembocou nos espetáculos teatrais, nos quais juntou todos esses fios. "Agora que a minha carreira teatral está encaminhada, resolvi voltar à música", diz Nóbrega. O show é "despojado", segundo ele, mas inclui intervenções do Nóbrega dançarino e contador de histórias, ao lado do músico. "Na Pancada do Ganzá" é montado com composições do próprio Nóbrega e outros autores atuais, junto com canções retiradas da tradição nordestina. Essa porção tradicional é que dá a alma da apresentação e o batismo do show. "Quando Mário de Andrade viajou pelo Nordeste recolhendo a tradição musical, ele queria reunir tudo em um volume com esse nome. Ele morreu e o material foi publicado com outros títulos", diz. Não ao folclore Nóbrega também viajou muito pelo Nordeste e chegou a encontrar algumas das mesmas músicas recolhidos por Mário de Andrade. "É uma tradição viva", diz, para se contrapor ao nome "folclore", que deseja manter longe. "Folclore é uma coisa morta, que não faz mais parte da vida ativa de uma comunidade. Chamar essas músicas de folclóricas é uma forma de apequená-las." Nóbrega, de toda maneira, não vai mostrar as canções tal como são cantadas em sua origem. Ele recria, reinterpreta. E, aqui também, procura fugir de outro rótulo: "Não quero que isso seja visto como coisa novidadeira, ao recriar você tem que dar a dimensão que essas músicas têm." O show "Na Pancada do Ganzá" servirá para o lançamento do CD de mesmo nome. A produção, independente, foi bancada pelo próprio autor, com 2.000 cópias. Junto com o primeiro disco, Nóbrega inventou o selo "Brincante". "Eu digo que o CD não é independente. Ele é dependente porque eu dependo dele. Se não vender, vou me lascar." Show: Na Pancada do Ganzá, com Antonio Nóbrega Acompanhantes: Antonio Ferragutti (acordeon), Daniel Alain (sopro), Edmilson Capeluppi (cordas), Guello (percussão) e Zezinho Pitoco (sopro) Quando: estréia hoje, às 21h; sextas e sábados às 21h e domingos às 20h Onde: Teatro Brincante (rua Purpurina, 428, tel. 011/816-0575) Quanto: R$ 15,00 Texto Anterior: Inner Circle abre Ruffles Reggae Festival Próximo Texto: Disco mostra talento musical do ator Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |