São Paulo, sexta-feira, 26 de abril de 1996
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Turma de Tarantino invade mundo do terror

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DE CINEMA

"Um Drink no Inferno" traz dois filmes em um. No primeiro, um par de assaltantes promove a sangueira já habitual e depois pede sanduíches. É o cinismo de praxe do cinema independente dos EUA.
No segundo, esses dois assaltantes, com um trio de reféns, cruzam a fronteira mexicana e chegam a um bar, onde passarão a noite.
O local, porém, revela-se um reduto de vampiros. Daí por diante, estamos no universo do terror.
A gangue está toda lá: Tarantino (roteirista e ator), Robert Rodriguez (diretor), Lawrence Bender (produtor), Harvey Keitel (ator): nomes-chave da idéia de independência em relação à indústria.
O roteiro foi escrito em 1990, mas o "timing" é preciso: lançado em 1996, o filme faz a ponte entre os independentes e o público adolescente, ligados no horror.
Robert Rodriguez ("El Mariachi") se consolida como mais um talento explosivo da nova geração. Após a abertura, cria uma atmosfera eficaz de violência encubada.
Em seguida, caracteriza bem seus personagens. Primeiro, há Seth Gecko (George Clooney), assaltante profissional. Depois, seu irmão Richard (Tarantino), o especialista em matanças. Por fim, os sequestrados são o ex-pregador Jacob Fuller (Keitel) e filhos.
O bloco de referências é alentado: há Seth e Jacob, personagens bíblicos, há a família Fuller (do diretor Samuel Fuller). Há o personagem Sex Machine.
As referências não eliminam -antes, maquiam- o problema central do filme, que é uma razoável inconsequência. Uma hipótese, não desenvolvida, daria essa consistência: os vampiros do filme são mexicanos. E não é o México, hoje, o demônio que assombra os EUA?

Filme: Um Drink no Inferno
Produção: EUA, 1996
Direção: Robert Rodriguez
Com: Harvey Keitel, George Clooney, Juliette Lewis, Quentin Tarantino
Quando: a partir de hoje nos cines Liberty, Iguatemi 1, Ibirapuera 3 e circuito

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