São Paulo, domingo, 28 de abril de 1996
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Cresce concentração de renda

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não bastasse o Brasil já ser campeão mundial de concentração de renda, a última medição feita pelo IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 93) mostra que esse processo se intensificou.
Em 92, os 10% que recebem as maiores remunerações concentravam 46,1% dos rendimentos (salário, aposentadoria, pensão, juros de aplicações financeiras). Em 93, essa taxa cresceu para 49,8%.
Além disso, o Brasil gasta mal os recursos que aplica na área social. Segundo relatório do Banco Mundial, os 20% mais pobres ficam com 15% dos gastos sociais. E os 20% mais ricos acabam se beneficiando de 21% dessas verbas.
Efeito real
O governo espera que o Real tenha revertido a tendência de aumento da concentração. Por isso, o IBGE tenta, pela primeira vez, anunciar o resultado de uma PNAD no ano seguinte ao que foi feita (a de 95 deve sair em junho).
A concentração de renda é maior no Nordeste. O quadro é um pouco menos grave no Sudeste e Sul.
O Rio Grande do Norte lidera o ranking dos Estados em porcentagem da população que ganha até um salário mínimo: 47,1%. É seguido de perto pelo Maranhão (45,9%) e pelo Piauí (42,1%).
No outro lado estão São Paulo e Santa Catarina: apenas 14,8% e 13,5% das respectivas populações recebem até um salário mínimo.
O contraste é grande também em relação aos que ganham mais de dez salários mínimos. Em Brasília, são 15% da população. No Piauí e no Maranhão, apenas 1,4%.
Mulheres
Entre as mulheres, os baixos rendimentos são ainda mais comuns: 33% delas ganham até um salário mínimo e apenas 2,6% recebem mais de dez salários mínimos.
Entre os homens o cenário é diferente: 23% ganham até um salário mínimo, enquanto 6,6% recebem mais de R$ 1 mil.
A maior diferença entre gêneros aparece justamente na ponta dos mais ricos. Enquanto 2,4% dos homens ganham mais de dois salários mínimos, apenas 0,7% das mulheres conseguem atingir esse patamar de rendimento.
As mulheres economicamente ativas com mais de 10 anos que recebem mais de dois salários mínimos abocanham 12,9% da renda. Os homens dessa mesma faixa comem 27,8% do bolo.

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