São Paulo, domingo, 28 de abril de 1996 |
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BC vive dilema para baixar ainda mais a taxa de juros Crédito é caro, mas remuneração do aplicador é baixa CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Agora, o BC tem dois problemas com os juros: estão ficando muito baixos para quem aplica dinheiro. Aplicações feitas em abril e nos próximos dois meses, em fundos ou em CDBs, vão render entre 1,52% e 6,19% reais, ao ano. Trata-se aqui de rentabilidade líquida, que se obtém depois de descontados IR, taxas e inflação. É menor do que num país estável. Isso vai acontecer se o BC continuar, como se espera, reduzindo a taxa de juros básica, a que ele próprio paga nos títulos do governo. Essa taxa, em abril, é de 2,05% ao mês. O mercado espera 1,97% em maio e 1,89% em junho. Essa taxa básica é próxima da praticada nos empréstimos entre bancos, lastreados em Certificados de Depósito Interbancário (CDIs). Já quando o cidadão ou a empresa aplica seu dinheiro, pode ser em CDB, que rende, bruto, 90% do CDI. Essa porcentagem varia. Quanto menor o investimento, menor a taxa. Mas 90% podem ser uma boa média para cálculo. Assim, em abril, o CDB rende 1,85%. Tirando os 15% de Imposto de Renda, já cai para 1,57%. Aí é preciso descontar a inflação, que deve ficar em 1,4%. E assim a rentabilidade líquida do CDB cai para 0,17% ao mês ou 2,01%/ano. A tabela abaixo mostra a rentabilidade de aplicações em fundos de investimento. Os resultados são semelhantes e até piores. Isso porque os bancos cobram taxas de administração. Nesse cálculo, utilizou-se taxa de 3% ao ano. Como é calculada para dias úteis, acaba sendo maior. Por ali se vê que a rentabilidade líquida no segundo trimestre também será muito baixa. O diretor de Política Monetária do BC, Francisco Lopes, argumenta que, numa economia estável, deve-se olhar para horizonte mais amplo e não mês a mês. Fevereiro e março registraram boa rentabilidade, entre 17% e 19% para os CDBs, por exemplo. A inflação foi muito baixa. E compensaria os meses de inflação mais alta. Só que a tendência é de inflação estabilizada em 1% ou menos, com o juro básico em declínio. Nessa perspectiva, a rentabilidade deve permanecer baixa no período. Texto Anterior: Justiça caolha! Próximo Texto: Risco é fuga para o consumo Índice |
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