São Paulo, domingo, 28 de abril de 1996 |
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Câmbio afeta ações das exportadoras Tendência é queda maior dos lucros das empresas JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
Para o gráfico ao lado, foram contabilizadas apenas a variação dos preços das ações de empresas que têm mais de 25% de suas receitas realizadas com exportações. Ao todo são 34, de um total de mais de 800 empresas que têm ações em Bolsa. Neste ano, como o câmbio registrou algum ganho contra a variação dos preços no atacado (negócios entre a indústria e a comércio), as ações voltaram a acompanhar o Ibovespa (índice que mede a a variação das principais ações na Bolsa paulista). Mas, entre março de 1995 e fevereiro deste ano, as exportadoras oscilaram sempre abaixo do índice, porque o câmbio estreitou a margem de lucro das empresas. "Por enquanto, as empresas estão sendo beneficiadas pelo juro pago sobre o câmbio", diz Sérgio Santamaria, diretor de Research do Banco de Boston. Mas, para ele, "a redução desse 'spread' (diferença entre o juro pago no exterior e o pago no Brasil) vai afetar ainda mais a margem de lucro das empresas". E essa é a tendência. Desde o final do ano passado, o governo tem feito uma política de queda gradual, mas sistemática, dos juros. O "spread" que já bateu nos 60% está hoje na casa dos 16,5% ao ano. Têxtil A perda no ganho dos juros poderia ser compensada pelo ajuste dos preços do dólar, mas a falta do ajuste das contas públicas limita a possibilidade de correção do câmbio, que continua com o papel de manter a inflação baixa. Comparada com o Ibovespa -fixando-se a cotação da ação em 100 para 1º de setembro de 1994-, as ações da Hering valem 45 (perda de 65%), as da Teka 28, da Schlosser 47, e as da Alpargatas, 53. A única do setor que está acima do Ibovespa é a da Cotiminas, cotada a 138. Segundo os analistas, a empresa tem fábrica nova (mais moderna) e faz "draw-back" de algodão (importa matéria-prima e exporta o produto beneficiado). Queda de preços Os demais setores, mesmo sem enfrentar a concorrência no Brasil dos importados, se defrontam com outros problemas. Nas mineradoras, a queda de margem é mais acentuada "por conta da rigidez (pouca possibilidade de corte) nos custos de produção", diz Santamaria. Os setores de papel e celulose e de siderurgia tiveram queda de seus preços no mercado internacional. Mas, pondera Santamaria, em ambos os casos são competitivos. "As fábricas de papel e celulose são relativamente novas, bem localizadas, e as florestas apresentam um ciclo de produção rápido. No caso das siderúrgicas, existe boa disponibilidade de minérios e a energia não está entre os itens mais caros no Brasil." Texto Anterior: A hora e vez dos "gauches" Próximo Texto: Segurado do INSS também pode reclamar restituição Índice |
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