São Paulo, domingo, 28 de abril de 1996
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Como age o gene de defesa

DA REPORTAGEM LOCAL

Sigla em inglês para Principal Complexo de Histocompatibilidade, o MHC é um dos fatores mais importantes do sistema imunológico das pessoas. Compõe o mecanismo pelo qual o organismo reconhece agentes invasores, como vírus.
A pesquisa de Claus Wedekind mostra que a natureza tem "estratégias" para fazer com que esses genes estejam presentes da maneira mais variada possível em cada indivíduo. Mais os genes MHC são diferentes, mais diversificada é a proteção contra infecções.
Essa "estratégia" está baseada na genética e, portanto, no sexo. Os genes MHC estão de algum modo associados ao odor, que influencia a escolha do parceiro: quanto mais os MHC são diferentes, maior a atração. Mas esses genes não "servem" prioritariamente como penas de pavão.
Pesquisas demonstraram que casais com MHC parecidos têm mais abortos espontâneos. Ou são mais inférteis. Ou seja, a "estratégia do cheiro" tem um sentido: fazer com que nasçam, ou sobrevivam, os indivíduos mais resistentes.
Desde 1974 sabia-se que os camundongos detectam pelo cheiro diferenças no MHC. Fêmeas idênticas em tudo menos nesses genes tendem a escolher machos com MHC diverso dos familiares.
Na época, aventou-se duas hipóteses para a constatação. Primeiro, que evitaria cruzamentos incestuosos entre os animais -já que o MHC de membros de uma mesma família tende a ser parecido.
Como entre os homens há outros mecanismos mais eficientes para evitar o incesto -que é tabu cultural em qualquer sociedade humana-, o experimento de Wedekind favorece a "hipótese imunológica" -a defesa contra doenças.
Defesa
Sem os MHC, essa defesa é impossível. Esses genes fornecem as informações para a elaboração de uma substância que "guia" as células responsáveis pelo reconhecimento e destruição de invasores.
O sistema que garante a imunidade, ou resistência das células, é colocado para funcionar por meio dos linfócitos T, um tipo de glóbulo branco, célula de defesa.
Os linfócitos T podem reconhecer células humanas infectadas, células cancerosas e células transplantadas de um outro indivíduo.
No entanto, eles só reagem aos invasores se os reconhecerem. Para tanto, eles precisam das moléculas HLA, que são produzidas de acordo com as instruções dos genes MHC.
Partes dos "corpos estranhos", os invasores do organismo (vírus, por exemplo), são envolvidas pelas moléculas HLA, que por sua vez ficam na superfície das células invadidas. Elas dão o "sinal" para que seja desencadeada a cadeia de reações imunológicas.
Quanto mais diversos forem os genes MHC, maior e será a capacidade do sistema imunológico reconhecer invasores e mais saudável será o indivíduo.

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