São Paulo, domingo, 28 de abril de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
'Anjo' prefere ajudar no Líbano
IGOR GIELOW
Aos 60 anos, ele é um dos principais membros da comunidade da cidade do Bekaa e coordena parte da distribuição de comida, colchões e remédios para refugiados. "Gosto muito do que faço. Morei 22 anos no Brasil e não pude ajudar tanta gente", disse em português com forte sotaque árabe. Nos quatro abrigos de Caroun, sua chegada provoca agitação. As crianças o chamam de "o velho", o mesmo nome de uma montanha que faz fronteira entre Líbano, Síria e Israel, visível no sul do Bekaa. Xiita, ele disse que não se incomoda com designações religiosas. E é tolerante em relação a Israel. "Eles não estão certos. Mas a briga tem de acabar". A seguir, trechos da entrevista, concedida na quarta-feira passada em Caroun. (IG) * Folha - Como foi voltar do Brasil? Hnamed Gnarib - Eu sou libanês, embora seja brasileiro no coração e na carteirinha (tira o CIC remendado com fita adesiva do bolso, rindo). Gosto muito dos dois países, mas agora é até bom que esteja por aqui. Acho que posso ajudar mais gente aqui. Sabe, a gente leva um cobertor para cá, um pacote de comida para lá, trabalha no centro de saúde. Vamos ajudando. Folha - O sr. perdeu amigos? Gnarib - Sempre tem um conhecido que morre nesta região. Agora, graças a Deus, minha família não foi tocada ainda. Texto Anterior: Refugiados dependem de ajuda da guerrilha Próximo Texto: Líder islâmico crê em fracasso da paz Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |