São Paulo, domingo, 28 de abril de 1996
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Refugiados voltam ao sul após a trégua

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Dezenas de milhares de refugiados muçulmanos do sul do Líbano começaram ontem a voltar a suas cidades, no primeiro dia da trégua entre Israel e o grupo islâmico Hizbollah (Partido de Deus).
A trégua, firmada na sexta-feira, começou a valer na madrugada de ontem (noite de anteontem no Brasil), após 17 dias de combates entre as duas partes.
Os habitantes da região disseram na manhã de ontem que o cessar-fogo foi cumprido.
Mas às 3h58 (21h58 de anteontem em Brasília), segundo testemunhas, um foguete Katiucha do Hizbollah atingiu um prédio no norte de Israel, sem deixar feridos. Foi o último incidente antes da trégua, que entrou em vigor dois minutos depois.
Vários refugiados, que aproveitaram o cessar-fogo para retornar, encontraram suas casas semidestruídas pelos ataques de Israel. "Os israelenses deixaram sua assinatura", ironizou Hassan Karaki ao ver sua casa, atingida por uma bomba, em Nabatieh.
O acordo prevê o fim das hostilidades contra civis. O primeiro-ministro de Israel, Shimon Peres, disse que o acordo superou as suas expectativas. "É um acordo de primeira magnitude", afirmou.
A defesa do acordo por parte de Peres é parte de sua estratégia eleitoral. Peres tem uma ligeira vantagem sobre Binyamin Netanyahu, do partido Likud (direita), nas pesquisas para as eleições do próximo dia 29 de maio.
Peres chega hoje a Washington, onde vai assinar acordos de cooperação estratégica com os EUA.
O deputado Ariel Sharon (oposição), que em 1982 comandou a invasão do Líbano por Israel, disse que o acordo representou uma rendição. "É uma longa concessão de Israel."
Israel iniciou os ataques, há mais de duas semanas, na tentativa de frear a ação do Hizbollah, guerrilha islâmica apoiada por Irã e Síria que atua no sul do Líbano.
O presidente de Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, também qualificou o acordo de "muito importante", pois suspendeu agressões contra libaneses e palestinos do sul do Líbano.
Arafat ordenou ontem a libertação de dezenas de militantes do grupo islâmico Hamas, presos após uma série de atentados em Israel, há dois meses.

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