São Paulo, domingo, 28 de abril de 1996
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Política eletrônica

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Um dos sociólogos mais frequentemente citados pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, o espanhol Manuel Castells, prevê, em artigo recente para o jornal "El País", que a tal de Internet vai acabar revolucionando a maneira de se fazer política.
Sempre ponho um pé atrás quando leio juízos definitivos sobre o que quer que seja, mas começo a me convencer de que Castells tem razão.
Veja-se, por exemplo, a incrível facilidade que é entrevistar um ex-presidente, embora esteja preso (Carlos Andrés Pérez, ex-presidente da Venezuela). Basta saber o seu endereço eletrônico, mandar um questionário, ele responde e, pronto, está fazendo política, como se lerá adiante nesta Folha.
No modelo pré-correio eletrônico, nem pensar. Jornal algum do Brasil se daria ao luxo de gastar dinheiro para mandar um repórter a Caracas e, ainda por cima, perder tempo fazendo as gestões para a entrevista.
Agora, é absurdamente fácil. O custo é o de uma ligação telefônica, e o tempo investido, mínimo. Pode ser que, com presidentes em exercício, em vez de ex-presidentes, seja mais difícil, até impossível. Mas que o jogo mudou, é evidente.
No Brasil, pelo menos o PSDB já está na Internet, com uma página no tal de Web e também com e-mail.
É claro que, com tão poucos brasileiros com computadores, não dá ainda para se fazer política digamos de massa via Internet. Mas as ONGs (Organizações Não-Governamentais) já utilizam mecanismos eletrônicos para se comunicarem, com resultados, suspeito, superiores aos da mídia convencional.
Com a vantagem de que, pelo constante intercâmbio com similares do mundo todo, conseguem uma sintonia mais fina com o resto do planeta, do qual o político médio brasileiro (e o administrador público também) está muito distante.

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