São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 1996
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Unesp começa a detectar Aids por análise genética

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

A Unesp (Universidade Estadual Paulista) começa a fazer amanhã em Botucatu (225 km a noroeste de São Paulo) exames para detectar a presença do HIV no sangue a partir de testes que analisam o material genético do vírus da Aids.
A vantagem desse teste é que ele é muito mais sensível do que os testes convencionais, segundo os pesquisadores do Hemocentro do Hospital das Clínicas da Unesp.
Nos testes convencionais (Elisa e Westhern-Blotting), há casos em que o resultado é "falso negativo" -o exame aponta erroneamente que o paciente não é portador do vírus.
Isso acontece porque o teste convencional detecta o vírus indiretamente, ou seja, o exame verifica se o paciente possui anticorpos contra o HIV, e esso é o sinal de que ele é portador do vírus.
Se o paciente tem o vírus, mas ainda não desenvolveu totalmente os anticorpos -o que normalmente só acontece cerca de três meses após a contaminação-, o teste convencional pode dar resultado negativo.
O teste será gratuito. "Inicialmente, vamos dar prioridade a recém-nascidos, filhos de pais aidéticos e casos nos quais o teste convencional apresentou resultados duvidosos", afirmou Pardini.
Segundo ela, o hemocentro pretende fazer esse tipo de exame sempre que o teste convencional apresentar dúvida.
O novo exame também será aplicado nas doações de sangue recebidas pelo hospital, para afastar o risco de usar sangue contaminado. Desde 86, em 42,7 mil doações de sangue, o hemocentro descobriu 17 casos de HIV positivo.
Segundo a pesquisadora, para fazer o exame são necessárias apenas duas gotas de sangue. O resultado sai no mesmo dia.
Em casos de recém-nascidos, o teste pode ser realizado logo após o parto, porque a criança já traz no organismo, em caso positivo, o HIV herdado da mãe.
O trabalho é coordenado pelo diretor do hemocentro, Paulo Eduardo de Abreu Machado. O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) também fazem esse tipo de diagnóstico.

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