São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 1996
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Ameaçado de despejo, Paulista quer apelar para o presidente

Manifestação dá início a coleta de 1 milhão de assinaturas

ELVIS CESAR BONASSA
DA REPORTAGEM LOCAL

Hoje, a partir das 18h30, o Teatro Paulista realiza uma manifestação, em frente ao teatro, para dar a largada da campanha nacional em defesa dos espaços teatrais.
Sob risco de serem despejados do prédio que ocupam, na rua do Paraíso, 494, os donos do teatro resolveram levar a briga para o campo da Constituição.
"O artigo 216 da Constituição protege os espaços destinados às manifestações artísticas. Nós queremos que o presidente Fernando Henrique Cardoso mande ao Congresso a regulamentação desse artigo, impedindo que um teatro seja transformado em outra coisa", diz Isabel Scici, uma das donas do Paulista.
O prédio onde funciona o Teatro Paulista foi comprado pelo vizinho Hospital Santa Lúcia. A direção do hospital afirma que vai construir ali um centro computadorizado de diagnósticos.
Para tentar convencer o presidente, Scici quer reunir 1 milhão de assinaturas em um abaixo-assinado, que será enviado ao Palácio do Planalto. "A briga deixou de ser só pelo Paulista, é de todos os teatros", diz Scici.
Grávidos
A manifestação de hoje vai contar com a presença de diversos artistas. O diretor e ator Cacá Rosset estará presente. Como os outros artistas, Rosset vai estar caracterizado como um personagem teatral -no caso, Pai Ubu.
Devem participar da manifestação também os grupos Parlapatões, Cia. de Truques e Acrobático Fratelli. O ato inicial da manifestação será dez minutos de silêncio.
Todos estarão caracterizados como personagens e, em referência ao hospital, usando barrigas falsas para simular gravidez.
Isabel Scici afirma que o movimento já ganhou a adesão de diversas entidades. Entre elas, sindicatos e associações de artistas e a CUT (Central Única dos Trabalhadores).
"É um movimento suprapartidário. O Teatro Paulista virou uma bandeira da mobilização contra a destruição das casas teatrais brasileiras", diz Scici.
Além do Teatro Paulista, ameaçado, outros teatros fecharam as portas recentemente em São Paulo. Por exemplo, os tradicionais teatros Záccaro e Auditório Augusta -ambos por problemas de aluguel. O Teatro Ruth Escobar, outra casa tradicional, está à venda.

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