São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
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O limiar de um novo tempo

ALTAIR BRASIL

Conduzir todo um povo para a direção que se deseja, definir sua ideologia, traçar seus ideais e padrões... eis uma tarefa complexa, mas líderes carismáticos o vêm tentando desde sempre -às vezes, conseguem. Um povo instruído, porém, tem maiores possibilidades de discernimento, descartando o que não lhe convém. Um povo pensante torna mais árduo o acesso ao poder pelos ditadores, governantes corruptos.
Para permitir o ingresso de nosso povo em uma vida social digna é preciso solucionar questões básicas, mas é inegável que o progresso de um país, seu nível de justiça social e o bem-estar social passam pela importância dada à educação. E o livro é o suporte universal para as áreas do conhecimento.
Medidas para que, cada vez mais, brasileiros tenham acesso ao hábito da leitura nunca serão superestimadas, e há boas novas a serem comemoradas. A Câmara Brasileira do Livro acaba de divulgar os dados do setor referentes ao período de 1990 a 1995, baseada em pesquisa exclusiva encomendada pela entidade à Fundação João Pinheiro, de Belo Horizonte.
De acordo com esse levantamento, o número de títulos produzidos nesse período dobrou -foram mais de 40 mil em 95, número praticamente idêntico ao da França e menor apenas do que o de poucos países, como os EUA, Alemanha e Japão. O número de exemplares vendidos cresceu 76%. A produção de livros atingiu 374,5 milhões.
Não seria preciso outro motivo para que governo e entidades privadas tomassem providências. E essas vêm sendo tomadas. A criação da Câmara Setorial do Livro e da Comunicação Gráfica pelo governo federal é uma das medidas mais significativas dos últimos tempos.
Nesse sentido, a recriação do extinto INL (Instituto Nacional do Livro), é uma das bandeiras da Câmara Brasileira do Livro. O INL coordenaria a ação governamental, facilitando a obtenção de livros pelas bibliotecas. Outra medida importante seria tornar as editoras objeto de regime especial de escrituração e tributação, mais próximo do regime do lucro presumido.
A Câmara Brasileira do Livro está empenhada também numa abrangente política nacional, democrática e homogênea, para o livro. Podemos chegar, no ano 2000, ao número de 500 milhões de livros: pouco mais de três livros anuais per capita, o maior da América Latina. Isso significaria 30 mil novos empregos diretos.
Ainda falta muito para que sejamos um povo livre dos entraves da ignorância. Mas, graças aos novos caminhos que vêm se abrindo, é possível acreditar num futuro mais justo para os brasileiros.

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