São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
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Vigilante perde casa e a filha de 12 anos

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O vigilante José Cícero Domingos Ferreira, 39, conseguiu sobreviver ao deslizamento que destruiu sua casa. Sua filha, Isabel Ferreira, 12, morreu.
No mesmo acidente, ocorrido às 2h30 em Casa Amarela, Recife, outras duas pessoas, vizinhas do vigilante, também morreram.
Ele conta que ouviu "um estalo, quase um trovão" e, em seguida, percebeu que a casa estava desmoronando. "Todos conseguiram sair, só a Isabel ficou." A seguir, trechos da entrevista.
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Agência Folha - Como aconteceu o acidente?
José Cicero Domingos Ferreira - Nós estávamos dormindo. De repente, ouvi um estalo, quase um trovão. Gritei para todo mundo correr e sair de casa. Minha mulher, meus dois filhos e uma cunhada conseguiram sair. Só a Isabel ficou. Acho que não deu tempo para ela acordar.
Agência Folha - O sr. viu que sua filha não havia conseguido fugir?
Ferreira - Não. Quando saímos, nos juntamos, e eu perguntei: "cadê a Isabel"?. Ninguém sabia.
Agência Folha - O que o sr. fez?
Ferreira - Eu sabia em que direção ficava o quarto dela. Fui lá, procurei, cavei com as mãos e em meia hora encontrei o corpo.
Agência Folha - O sr. sabia que sua casa ficava em lugar de risco?
Ferreira - Não. Agora perdemos tudo e minha filha morreu. Não sei para onde vamos. Não sei mais o que vou fazer.

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