São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996 |
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Chuva mata 41 pessoas em Pernambuco
FÁBIO GUIBU
A Defesa Civil afirma que pelo menos 23 pessoas morreram em Recife, 6 em Camaragibe (30 km ao norte de Recife) e 9 em Olinda. Não foi informado onde foram encontrados os outros três corpos que deram entrada no IML de Recife até as 22h50 de ontem. Dezoito pessoas ainda estariam desaparecidas. Os problemas mais graves ocorreram na zona norte de Recife e na periferia de Olinda (6 km ao norte de Recife) e Camaragibe. As três prefeituras decretaram estado de calamidade pública -que, em tese, agiliza os processos de ajuda pelos governos estadual e federal. No bairro de Córrego do Boleiro, em Recife, seis casas desabaram. Oitenta moradores foram removidos de áreas de risco. "Coisa da natureza" "Eu estava quase dormindo quando ouvi aquele barulho e saí correndo para ver o que era", disse o pedreiro José Claudin dos Santos, 30. "Vi aquela lama, aquele desespero e não pude fazer nada." A casa de Santos não foi atingida. A lama passou a dois metros do local. "Foi um milagre, uma coisa da natureza não acontecer nada com a gente", afirmou ele. No córrego do Boleiro, mais de cem pessoas, entre policiais, bombeiros e voluntários, trabalhavam na remoção dos destroços. O reconhecimento dos corpos era feito no local por parentes ou vizinhos. Centenas de pessoas acompanhavam os trabalhos. Muitos choravam. "Eu tinha seis parentes que moravam aqui e até agora não sei onde estão", disse Antonio Silvestre da Silva, em meio a quatro corpos que tentava reconhecer com a ajuda da mulher, Terezinha. A polícia apura se o deslizamento no local foi provocado pelo rompimento de uma adutora e de uma cisterna (reservatório de água), que está localizada no alto do morro. Camaragibe e Olinda Em Camaragibe, levantamento parcial feito pela prefeitura registrava seis mortes. Outras 258 pessoas estariam desabrigadas. Em Olinda, nove pessoas morreram, segundo a Defesa Civil. Duas delas teriam sido arrastadas pelas águas. Haveria ainda 170 desabrigados. Nas três cidades, o cenário era parecido: córregos transbordaram e ruas alagaram. Em 12 horas, a Defesa Civil registrou 105 pedidos de socorro. Desses, 50 seriam por deslizamentos. Segundo a Defesa Civil, das 19h de anteontem às 7h de ontem foram registrados 200 mm de chuva em Recife, cinco vezes mais que o volume considerado normal no período. Só este mês, informou, foram registrados 564 mm de chuva na cidade, quando a média dos últimos 30 anos para o mesmo período é de 291 mm. Na semana passada, um menino já havia morrido em Recife em um deslizamento de terra. Com isso, o número de mortes em abril no Estado por causa da chuva está em 39. Texto Anterior: Unicamp inaugura hotel para receber professores visitantes Próximo Texto: Prefeituras pedem recursos Índice |
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