São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
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Mínimo deverá subir entre 12% e 13%

VIVALDO DE SOUSA
SÔNIA MOSSRI

VIVALDO DE SOUSA; SÔNIA MOSSRI; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Percentual será anunciado hoje pelo ministro da Fazenda e deve ser o mesmo para os aposentados do INSS

O ministro Pedro Malan (Fazenda) anuncia hoje o reajuste do salário mínimo, que deve ficar entre 12% e 13% -ou seja, o mínimo chegaria a R$ 113, no máximo. A tendência do governo é autorizar a mesma correção para as aposentadorias e pensões pagas pela Previdência Social.
O presidente Fernando Henrique Cardoso temia ontem que a concessão de reajustes diferenciados para o mínimo e benefícios provocasse uma onda de ações judiciais contra o governo.
Malan deverá se reunir hoje pela manhã com os líderes governistas do Congresso para explicar o texto da MP (medida provisória) que vai definir o reajuste.
O aumento a ser concedido não vai recompor integralmente a média da variação do custo de vida entre maio de 1995 -data do último reajuste- e abril de 1996, estimada em 18,5%, com base em uma cesta de índices de inflação.
Justificativas
A equipe econômica apresenta duas razões para evitar a recomposição integral do salário mínimo e dos benefícios: o desequilíbrio financeiro dos Estados e municípios as dificuldades de caixa da Previdência Social.
Nos três primeiros meses deste ano, a arrecadação do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) não foi suficiente para pagar a totalidade de pensões e aposentadorias. Foi preciso usar sobras de caixa e receita patrimonial, como aluguel de imóveis.
A Previdência apresenta um problema estrutural: a população está envelhecendo (aposentados ficam mais tempo no sistema) e o número de contribuintes não acompanha.
Nos últimos meses, as receitas previdenciárias também sentiram o impacto do aumento do desemprego em todo o país.
Reação no Congresso
O governo já prevê uma difícil negociação com o Congresso em torno da medida provisória que corrigirá o mínimo, atuando como parâmetro para o aumento dos benefícios.
A Folha apurou que os ministérios da Fazenda e do Planejamento não aceitam a reposição integral. O máximo que a equipe econômica admite é elevar o reajuste para aproximadamente 15%.
O Palácio do Planalto chegou a examinar propostas da equipe econômica de reajustes diferenciados para o mínimo e para benefícios, ao lado de aumento das alíquotas da contribuição previdenciária.
A elevação da alíquota, discutida no Ministério da Previdência, foi abandonada porque é contraditória com o programa Pró-emprego, lançado ontem por FHC.
Além disso, a elevação da alíquota somente poderia ser cobrada após 90 dias no caso de aprovação pelo Congresso.
Parlamentares do PT já estão articulando no Congresso Nacional um reajuste de 80% do mínimo, que saltaria dos atuais R$ 100,00 para R$ 180,00.

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