São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
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Manifestação silenciosa inicia campanha contre despejos

Paulista começa coleta em busca de 1 milhão de assinaturas

DA REPORTAGEM LOCAL

Com um ato simbólico de 10 minutos de silêncio, cerca de 40 pessoas iniciaram ontem a campanha nacional em defesa dos teatros.
O objetivo do movimento é obter 1 milhão de assinaturas, a serem enviadas ao presidente FHC, pedindo a regulamentação do artigo 216 da Constituição (que garante proteção ao patrimônio artístico).
O teatro Paulista (rua do Paraíso, 494), ameaçado de despejo, coordena o movimento.
Isabel Scisci, uma das donas do Paulista, que funciona em prédio alugado, afirma que na regulamentação do artigo constitucional ficaria proibida a transformação de prédios teatrais em estabelecimentos com outra finalidade.
O prédio onde funciona o Teatro Paulista foi adquirido há cerca de dois anos pelo vizinho hospital Santa Joana, na frente do qual ocorreu a manifestação. Com o vencimento do contrato, em dezembro do ano passado, o hospital solicitou a devolução do imóvel.
Hospital
Marco Antonio Zaccarelli, diretor do hospital, diz que o Santa Joana vai construir no local um centro de diagnósticos.
"Não temos nada contra a cultura. Tínhamos um acordo verbal de desocupação do prédio, mas fomos obrigados a entrar na Justiça", diz Zaccarelli.
Isabel Scisci afirma que o hospital quer na verdade fazer apenas um estacionamento. "Eles chegaram a pedir que nós desocupássemos pelo menos uma das salas, para eles começarem a fazer o estacionamento", diz ela.
Ela nega que tenha havido qualquer acordo verbal para desocupação. Scisci pede que o hospital pague R$ 150 mil de indenização. Com esses recursos, ela pretende montar o teatro em outro local.
Além do Paulista, ameaçado de fechamento, foram fechados recentemente em São Paulo teatros tradicionais como o Záccaro e o Auditório Augusta. O Teatro Ruth Escobar está à venda.

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