São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996 |
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DESGASTE POR BAIXO É razoável supor que o massacre de Eldorado do Carajás, embora possa macular a imagem do presidente Fernando Henrique Cardoso, será insuficiente para causar danos profundos e, menos ainda, irreversíveis. Ainda mais se, como prevê a quase totalidade dos especialistas, a inflação se mantiver sob controle. Inflação baixa é sinônimo inequívoco de popularidade alta ou, no mínimo, razoável do governante. Mas a imagem positiva do chefe já não basta para ocultar que o governo que comanda sofre um processo de desgaste bastante intenso. Aliás, o massacre dos sem-terra acabou por fornecer um fator adicional de desgaste. Forçou a introdução, na agenda palaciana, do tema da reforma agrária. Mas, ao mesmo tempo, o governo não quer correr o risco de enfrentar a chamada "bancada ruralista", na sua grande maioria refratária até a uma discussão mais aprofundada sobre o tema. Tem sido constante no governo FHC essa contradição entre propósitos modernizadores e a necessidade de agradar a uma base política que é, em parte, arcaica do ponto de vista político e social. O que torna ainda mais aguda a sensação de que o governo está desarticulado é a ação -ou, mais exatamente, a falta dela- de boa parte de seus ministros. Tem sido discreta, para dizer o mínimo, a ação dos principais auxiliares do presidente no trabalho de persuasão dos congressistas. Tão discreta que, contrariando a sua própria intenção, FHC se viu forçado a designar um coordenador político. Tudo isso provoca uma disseminada sensação de que a reforma ministerial da semana passada foi apenas o prólogo de uma nova e mais profunda alteração a ser feita assim que os resultados da eleição municipal de outubro fornecerem dados conclusivos sobre o prestígio eleitoral de partidos e lideranças políticas. Próximo Texto: TELEFONIA Índice |
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