São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
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TELEFONIA

É claro que, no capitalismo, o mercado é o fator regulador e determinante da economia. Ainda assim, certas medidas de caráter social podem e devem ser tomadas a fim de que a implacável lógica do mercado não amplie ainda mais as já terríveis mazelas que tornam alguns brasileiros mais "iguais" que os outros.
Este é, por exemplo, o caso da telefonia pública nacional.
Conforme reportagem publicada na edição de ontem desta Folha, as companhias telefônicas devem investir cerca de 45% de seus orçamentos em telefonia celular, um mercado altamente rentável, mas destinado a um publico de elite e, portanto, com pequeno impacto social.
A alegação do presidente da Telebrás, Fernando Xavier Ferreira, de que é "utópico" aumentar a oferta de telefones em regiões sem poder aquisitivo pode até fazer todo o sentido dentro da lógica estrita do capitalismo, mas é preciso convir que uma concessão pública, como é a exploração da telefonia celular, deve estar condicionada a certas regras que visem ao interesse social.
Assim, para explorar um ramo extremamente lucrativo, pelo menos na aparência, como é por exemplo o mercado de celulares na cidade de São Paulo, a empresa pública que detém o monopólio deve ser obrigada também a servir outras áreas menos lucrativas, mas com maior retorno social, sendo obviamente mantidas as devidas proporções.
De outra maneira, as já gritantes diferenças que marcam o mapa da telefonia no país se ampliarão ainda mais, contribuindo para ampliar o já vergonhoso fosso que separa o Brasil moderno do arcaico.

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