São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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Doação de lote racha sem-terra na Macaxeira

LUCAS FIGUEIREDO; IRINEU MACHADO

do enviado especial a Curionópolis e da Agência Folha, em Marabá (PA)
Uma doação de lotes feita pelo governo do Pará rachou os sem-terra acampados na fazenda Macaxeira (11 quilômetros de Curionópolis, leste do Pará).
A Macaxeira foi o principal motivo da manifestação de sem-terra que resultou, no dia 17, no assassinato de 19 trabalhadores em confronto com a PM. Eles pediam a desapropriação da fazenda.
Ontem, cerca de 20 famílias rejeitaram decisão das lideranças dos sem-terra na Macaxeira e deixaram o acampamento em direção a Tueré, a 450 km de Curionópolis, onde receberão lotes do governo.
A liderança do movimento é contrária aos assentamentos em Tueré sob o argumento de que a área fica distante de Curionópolis.
Afirma ainda que o solo é pobre e que o local é infestado de mosquitos transmissores de malária.
"Não aceitamos essa negociação. O governo está querendo dividir a gente", disse ontem Onalício Araújo Barros, 30, uma das lideranças do movimento.
Segundo ele, a doação de terras em Tueré é uma manobra do governo para não efetivar a desapropriação da Macaxeira.
Sigilo
O transporte das 20 famílias para Tueré foi feita em sigilo. Os coordenadores da operação evitaram divulgar o local da partida por receio de represálias do MST.
O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) cedeu dois ônibus para conduzir os sem-terra até a área cedida pelo governo do Pará.
O proprietário da fazenda Macaxeira, Plínio Pinheiro Neto, 49, disse que aceitou vender a fazenda para o Incra "porque é uma região de conflitos, e não há mais segurança nenhuma para os fazendeiros da região".
Ele disse que a venda da área (5.921 hectares) foi acertada por R$ 1,754 milhão, sendo que R$ 1,156 milhão será pago pelo governo em títulos da dívida agrária.
Segundo ele, o Incra deverá formalizar nesta sexta-feira a compra da fazenda. O local que o governo deve comprar fica em Eldorado do Carajás e não é o mesmo onde 1.500 sem-terra estão acampados. Eles estão em Curionópolis.
(LUCAS FIGUEIREDO e IRINEU MACHADO)

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