São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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Brasil é o 94º em liberdade econômica

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

O Brasil é o 94º país do mundo em termos de liberdade econômica, conforme o "Índice de Liberdade Econômica 1996", que acaba de ser editado pela "Heritage Foundation".
Trata-se de um instituto de pesquisas e educação norte-americano, criado em 1973 e sustentado por mais de 200 mil contribuintes.
O "índice" é construído a partir da avaliação de dez itens das políticas de cada um dos 142 países examinados. São eles: política comercial, política tributária, consumo do governo como porcentagem da produção global, política monetária, fluxo de capitais e investimentos externos, política bancária, controles de preços e salários, direitos de propriedade, regulamentações e mercados negros.
Quanto mais alto o placar obtido por um determinado país, maior a interferência governamental na economia, e, em consequência, menor a liberdade econômica.
O ideário liberal que orienta a fundação aparece no comentário que ilustra as tabelas: "O estudo demonstra inequivocamente que países com o mais alto nível de liberdade econômica são também os de mais alto padrão de vida".
Mas há senões graves no trabalho, que recomenda tomar com cautela a classificação dos diferentes países avaliados.
Um deles é temporal: o Brasil, por exemplo, é avaliado mais pela situação existente ao final do governo Itamar Franco do que pelas iniciativas tomadas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, a partir de sua posse em 95.
Talvez por isso, recebe nota 3,45, quando a pior classificação, em termos de liberdade econômica, seria 5.
Fica empatado com países como a Albânia e a Tanzânia, quando o mais elementar sentido comum indica que essas duas nações, em transição de regimes ditos socialistas para a economia de mercado, gozam de um grau de liberdade bem menor.
Um segundo problema metodológico aparece na relação dos países "24 quilates" para o investidor externo. A relação inclui os países que mais progrediram na direção da liberdade econômica, do índice-95 para o 96.
Nela figuram, por exemplo, Nicarágua e Moçambique, países que dificilmente um investidor externo preferiria ao Brasil ou a outros mercados ditos emergentes não considerados "24 quilates".
Embora esteja na lista dos países de ouro para o investidor estrangeiro, Moçambique fica no 127º lugar entre os 142 avaliados.
O campeão de liberdade econômica, para a fundação, é Hong Kong, cuja nota global é 1,25.
Os Estados Unidos aparecem em sétimo lugar (1,9), pouco à frente da República Tcheca (2), que está completando sua transição do comunismo para o capitalismo.
Os três últimos colocados são países comunistas (Cuba, Laos e Coréia do Norte), os únicos com a nota máxima (5).

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